Reposição da segurança face às incursões terroristas
Uma série de ataques teve lugar nas últimas horas em várias regiões de Cabo Delgado, voltando a colocar em xeque o discurso de que o processo de combate ao terrorismo está numa fase de clarificação e consolidação, particularmente nesta que é a província que vem registando ataques ligados ao extremismo islâmico já lá vão cinco anos.
Os relatos a que tivemos acesso apontam para ataques em Muidumbe e Nangade, na região norte, e Ancuabe, na região sul da província. Além de ataques às aldeias dos três distritos, fala-se, igualmente, de circulação de “extensos” grupos de terroristas no trajecto Ancuabe – Quissanga e ainda Intutupue – Metoro.
Aqui, a sugestão é que os grupos estejam a regressar de Nampula, mas com número considerável de “reforços” obrigados, aliciados ou simplesmente voluntários a juntar- -se aos grupos atacantes.
Em relação aos ataques, a situação mais preocupante das últimas horas tem a ver com a ocorrência verificada na manhã desta segunda-feira, na aldeia Ngangolo, distrito de Nangade.
O relato indica que os terroristas atacaram uma viatura mini-bus que estava em direcção à sede distrital. Até ao fecho da presente edição, não estavam claras as consequências deste ataque. Umas fontes davam indicação de os terroristas terem sequestrado a mini- -bus para parte incerta, com os ocupantes no interior, alguns já sem vida, dos quais o motorista identificado por Tomé Oreste.
Outras apontavam que o grupo teria ateado fogo sobre a viatura e obrigado os passageiros a seguirem pela mata adentro.
Preocupante, igualmente, é a situação relatada a partir de Muidumbe. Aponta-se que uma das matas do distrito albergava mais uma base terrorista. Detectada, uma missão composta por elementos das Forças de Defesa e Segurança e soldados da SADC foi destacada, mas a meio do percurso deparou-se com áreas minadas. Ou seja, os grupos terroristas tinham minado parte da área circundante, exactamente no sentido de dificultar que fossem alcançados em perseguições movidas pelas Forças de Defesa e Segurança.
Ao que soubemos, vários soldados feridos foram transportados de helicópteros MI 8 para tratamentos médicos no Hospital Provincial de Pemba. Este relato vem consubstanciar a denúncia feita pelo brigadeiro Omar Saranga, segundo a qual os terroristas têm estado a usar minas para proteger as suas bases.
Em Ancuabe, aponta-se ter sido atacada ou terem sido vistos terroristas na aldeia Mpire. Diz-se que o grupo que passou por Mpire vinha do posto administrativo de Mazeze, no distrito de Chiúre.
Estes ataques e movimentações acontecem poucos dias depois de uma coluna que integrava as Forças de Defesa e Segurança, a Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, assim como elementos da força local, ter caído numa emboscada terrorista na rua que liga Chitama e Quinto Congresso, distrito de Nangade.
Por outro lado, segundo se sabe, reportou-se uma incursão terrorista contra uma base das Forças de Defesa e Segurança na região de Nkoe, distrito de Macomia, evento que terá resultado na morte de 16 soldados.
MEDIAFAX – 20.09.2022