Por Francisco Nota Moisés
Ataque em Montepuez obriga à evacuação de trabalhadores e suspensão de operações em mina de rubi (3)
"A Frelimo pensou que tinha ganho. Mas os sobreviventes são como a cobra mamba com um dom de captar o cheiro de cada individuo na face da terra e mantê-lo no seu cérebro para assim procurar quem a provocar e a sua zanga aumenta na medida que ela procura quem a provocou. Que alguém não pense que isso é uma piada ou lenda sobre a cobra mamba. Os indígenas e cafres como eu nas povoações e nas matas rurais da Africa sabemos disto e estremecemo-nos com medo da cobra mamba."
Nas aldeias dos Senas, nas noites as pessoas evitam falar deste bicho e terrorista pelo seu nome de m'bhobo que é a mamba verde e que parece ser menos perigosa do que o ntsulira (o gritador), a mamba negra cujo nome deriva do som onomotopaio de grito de lio-lio-lio que so faz nas noites.
Se as pessoas devem falar da mamba nas noites, elas se referem a este reptil rápido, agressor, nervoso e altamente venenoso como "chirombo" (besta), "chicala" (o carrasco) ou qualquer outra palavra feia, mas nunca pela palavra m'bhobo visto que as pessoas acreditam que mencionando o seu nome durante a noite, este demónio zanga-se e o mais próximo da pessoa que pronuncia o seu verdadeiro nome vira imediatamente para se vingar contra a pessoa que diz o seu nome.
Esta pode ser uma superstição. Superstição ou não, é sempre melhor respeitar o que os locais dizem e que dizem coisas depois de certas experiências ou incidentes. Se alguém estiver nas matas, a melhor coisa e evitar é não provocar o demónio que é a única cobra que pode atacar sem provocação.
Um dia estive mesmo à beira da morte por ter lançado uma pequena pedra a uma mamba verde que depois de se aperceber que estive onde ela se dirigia, virou-se para tomar a direção contrária para me evitar quando tomei uma pequena pedra e a atirei contra ela. O satanás zangou-se e curvou com uma rapidez de relâmpago. Quando estava a cerca de 3 a 4 metros, ele parou e levantou todo o seu corpo no ar, apoiando-se pelo rabo. Congelei-me em vez de virar e correr, o que iria incitar o bicho a me morder.
Ele reparou-me e eu o transfixei-o com o meu olhar impiedoso, apos o qual ele abaixou o seu corpo e virou-se para continuar na direção oposta e depois disto fiz o sinal da cruz e fui ao lado oposto estremecendo e não acreditando que ainda estava vivo.
Obviamente, os espíritos dos meus antepassados paralisaram o satanás, de acordo com a sabedoria dos mais velhos na aldeia a quem contei o incidente. Porque e que o satanás não me mordeu enquanto eu não tinha nenhuma magia de proteção africana no corpo e não tinha o costume de visitar espiritistas ou seja curandeiros embora tivesse duas tias que eram curandeiras poderosíssimas e uma delas que em estado de transas só falava em Shona do Zimbabwe, que era uma língua que ela não sabia e não podia falar em tempo normal.
Quando as pessoas vinham consultá-la, o tio Lino, o seu marido, que tinha vivido na Rodeia do Sul (Zimbabwe) e que conhecia o Shona era quem interpretava em sena o que ela dizia em shona.
Somente a consultei por medo de não ser apanhado ao tentar sair de Moçambique uma semana antes de exitar do território. Fugir de Moçambique seria considerado como uma grande traição a Portugal desde que eu era um cidadão português e seria severamente fustigado se fosse apanhado.
Ela tratou-me para exorcizar os maus espíritos do meu corpo e do meu espírito e para a minha proteção contra qualquer perigo. Aquilo, penso veio a impedir a minha detenção pela PIDE e o perigo dos satanases da natureza e dos demónios da Frelimo mais tarde na Tanzânia minha fuga do Zobué a Mwanza no Malawi foi dramática com os meus nervos à beira de explosão durante aquela noite de 17 de Novembro de 1967.
Sozinho numa distância de mais de 20 kms e num lugar com leopardos, leões e hienas, senti que não estava a andar, mas a levitar e já não pisava o chão. Mesmo se havia feras que me viam e a quem eu me apresentava como comida apetitosa, sentiram-se paralisadas e não podiam me atacar.
Disseram-me também que quando uma pessoa se choca inesperadamente com uma mamba na mata e ela fugisse para o lado oposto, a pessoa deve colher alguma palavra seca e queimá-la para destruir o seu cheiro que o bicho captou no seu cérebro e isso impede que o bicho mais tarde procure a pessoa para se vingar.
Mas o problema é que quantos de nós andamos com fósforos nos bolsos quando saímos para as matas? Caçadores e os que colocam armadilhas para capturar animais selvagens, esses sim andam com fosforas ou isqueiros.
* A palavra mamba que se usa nas línguas europeias vem do Zulu IMAMBA
* Em swahili MAMBA é a palavra para dizer CROCODILO