ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Sobre a indiferença, diante do sofrimento alheio isso é indução social fortíssima eu lembro, que desde criança eu questionava a existência da pobreza, da miséria, do facto do emprego servindo agente. Quando eu pertencia aquela classe e, o que eu ouvia: «não pense nisso, você não tem nada a ver com isso, pense na tua vida, se você ficar muito preocupado com isso vai-se dar mal, o mundo sempre foi assim… sempre foi assim».
A indução era ser indiferente ao sofrimento alheio e…com o passar do tempo eu fui vendo isso acontecendo, eu vi um professor falar; «olha… não ajude seu colega, porque amanha ele é seu adversário». Quer dizer, a divisão vai sendo criada, você tem que ser indiferente e, o que a indiferença faz é, desconsiderar e desqualificar o[s] outro[s].
Então, criasse a indiferença com o sofrimento alheio, quebrasse o elo humano que agente tem com o colectivo humano, isso vem no discurso da Margareth Thatcher e do Ronaldo Reagan, não existe colectividade existe o indivíduo é o egoísmo sendo estimulado em benefício dos grandes banqueiros. A população não pode assumir, a solidariedade é subversiva, é preciso combater a solidariedade, mas ninguém vai explicitamente combater a solidariedade ao contrário vai-se criar focos e, vão te dizer você vai ser solidário com os seus, com sua família, com seu grupo, com o resto não! Sempre tem o grupo o resto, sempre tem um individuo o resto para que as pessoas não se sentam unidas.
Eu, desde os [15] anos, eu digo desde 19[90], a humanidade é uma família planetária que ainda não tomou consciência disso, caminha para tomar, mas nesse caminho há obstáculos, obstáculos criados pelos 'poucos' privilegiados máximos dessa estrutura social que são os podres de ricos, estão acima da política, o pai ensina o filho e eles tem o seu grupo de eleitos dentro do poder público, para manter as coisas como estão.
São castas, dinastias que tem interesse no conflito, que tem interesse na competição, na 'desunião' , na falta de solidariedade é preciso agente perceber isso, porque nós temos índole cooperativa, nós temos índole solidária e essa índole é bafada por essa cultura que nos esmaga, que nos frustra, que nos faz ter vida sem sentido, e o tempo vai passando e quando você envelhece , se você envelhece , porque muitos morrem nessa angústia antes de chegar na velhice , quando você envelhece você começa a mudar de valores .
Agente precisa de conforto, de alimentação, do que é necessário para sobrevivência, é cooperação, é sentimento de pertencimento de família humana, é afecto, é troca, é beneficiar colectividade é isso, que realiza o ser humano, mas fica escondido, porque não dá lucro.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [30] de Novembro, 20[22]