No dia 17 de Novembro de 2016, os órgãos de comunicação social reportavam a morte instantânea de 43 pessoas e várias outras feridas, algumas das quais acabaram por perder a vida no Hospital Provincial de Tete, após um camião cisterna transportando combustível líquido, ter pegado fogo durante tentativas de roubo de combustível por parte da população na localidade de Caphirizange no distrito de Moatize. Esse incidente, que ficou conhecido em Moçambique como a “tragédia de Caphirizange” provocou diversas reacções e pronunciamentos públicos sobre as causas do incidente. Esses pronunciamentos, ausência do debate sobre práticas de roubo e comercialização ilegal de combustíveis líquidos em Moçambique e, o silêncio da Comissão de Inquérito mandatada pelo Governo em Novembro de 2016 para investigar as reais causas do incidente constituem elementos chaves que me motivaram a fazer o presente estudo.
Dos argumentos avançados nessas discussões, uns afirmam que a tragédia aconteceu por causa das condições da pobreza da população. Esse argumento é sustentado por políticos, jornalistas, estudantes e até alguns académicos por mim entrevistados. Portanto, para esse grupo, a pobreza é causa principal da tragédia de Caphirizange. Outros dizem que a tragédia está relacionada com as acções dos membros da Renamo, aludindo a instabilidade político-militar de 2013-2016 no distrito de Moatize, que instigaram a população local ao roubo e venda ilegal de combustíveis líquidos. Outros ainda sugerem que por causa da proximidade de Caphirizange com Malawi e da demanda de combustíveis líquidos naquele país vizinho, a tragédia está relacionada com os actos praticados por malawianos, pois são eles que orquestraram o cenário do roubo no camião cisterna, donde alguns membros da localidade de Caphirizange fizeram parte e perderam a vida.
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