ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
A importância de Fanon, tem sido cada vez mais destacada no mundo académico. Intelectuais do mundo inteiro leem e relem Fanon. Em África, Fanon, é um autor que há décadas passou a ser lido no mundo académico e, hoje é reconhecido como alguém que influência nomes como; Achille M’mbebe, filósofo camaronês que têm trabalhos importantes como; «Necro-Política e Crítica da Razão Negra» e tem feito enumeras ’incursões’ em que revela que os estudos de Fanon, foram a chave fundamental das suas pesquisas.
Quem foi Frantz Fanon? Para o grande público que ouviu falar de Fanon como autor de «Pele Negra Mascaras Brancas», um trabalho ’reprovado’ na Academia e que mais tarde é publicado e com bastante sucesso, impacta o público académico do mundo francês e o mundo inteiro. Fanon, também publicou «Os Condenados da Terra», uma obra fundamental para entender os conflitos que ele denunciava com mais estria e além da denúncia, enunciava e prenunciava alternativas.
Fanon, informava com muito rigor que o processo de colonização, essa ’aventura do espírito’ que a Europa plasmou como sendo a única maneira de civilizar o mundo inteiro era outra coisa, ou seja, tinha outra proposta era tornar a violência a língua universal. Fanon, apresenta que essa linguagem da violência que é aquela que colonizado e os colonizadores falam é, uma ’língua perversa’, porque ela acaba por viciar e, esse vício na violência é o que faz, Fanon apresentar justamente uma necessidade de responder altura duma certa revelação, uma certa revolta, é necessário que o corpo [sujeito], se revolte contra as imposições.
Em «Alienação e Liberdade» e «escritos clínicos» de Fanon, encontramos uma denúncia em que medida o racismo, a colonização contribuem decisivamente para transformar esse outro inventado pelo branco colonizador um louco. Fanon, pretende auforear os colonizados da loucura inventada pelos colonizadores. Se alguns críticos de Fanon, diriam que, a violência torna política impossível, Fanon propõe uma dialéctica diante da violência colonial, a reacção dos colonizados, através da violência seria a única possibilidade de combater a perversidade do gozo canalha daqueles que colonizam e transformam os corpos em objectos e que torna esses corpos abjectos.
Fanon, insiste a violência revolucionária da colónia é o antidoto. Os escritos de «Alienação e Violência», tem uma denúncia do psiquiatra Fanon, diante da sua experiência do seu quotidiano como médico que cuida de lunáticos, médico que cuida daqueles que foram colonizados e tiveram arrancados de si o seu território, o direito ao seu território cultural.
Fanon, entende que o jogo da violência existe em inúmeras maneiras dessa expressão, inúmeras modalidades dentre elas a ’subtracção do juízo’, por um tipo de jogo de espelho macabro é, como se o colonizador pudesse dizer ao colonizado que o que ele vê, que o real não é real. Impondo um tipo de dissonância cognitiva, dissonâncias estéticas, dissonâncias de toda ordem até que uma dissonância existencial faça com que a única maneira de recusar a dominação seja loucura.
Nesse sentido é, como se Fanon estivesse a dizer um dos efeitos do racismo que não pode ser combatido da colonização e do racismo dessa juncão simbiótica que não pode ser combatido pela violência é, justamente a subtileza do projecto de enlouquecimento. Fanon, destaca muito bem os meandros desse processo os denuncia, mas se pronuncia a seu respeito.
Fanon, identifica algo muito interessante, o alienado no Norte da África tinha um lugar diferente daquele que ele apreendeu na escola de medicina, de psiquiatria francesa. o alienado tinha valor por ser uma pessoa nesse sentido os métodos punitivos, as estratégias que procuravam de alguma maneira retirar alienação do alienado ou toma-lo como culpado de alguma coisa, de modo que, a higiene mental, o entendimento da higiene mental no contexto europeu, no contexto do ocidente pudesse entender que, a todo o custo fosse necessário desalienar o alienado fazer com que ele escapasse da loucura para que se tornasse um ser humano, novamente.
No contexto africano, especificamente no Norte africano no qual Fanon tem familiaridade, o seu trabalho na Argélia, ele reconhece, percebe que a pessoa independente de qualquer coisa tem valor por ser pessoa. Além dos seus estudos da fenomenologia existencialista, do marxismo, e também de ’incursões’ na pisquianálise Fanon, consegue perceber a potência, dos valores culturais africanos para o seu pensamento.
Isso faz com que, ele ’promova uma inflexão’ na maneira como o alienado é reconhecido, o que com que o seu trabalho tenha aspectos humanitários e o seu grito, o seu grito de revolta seja uma perspectiva de condução para uma outra sociedade de um novo futuro, um novo por vir.
Fanon, filósofo, psiquiatra, pensador nascido na Martinica, educado pela cultura francesa reivindicando uma África diaspórica, reclamando contra processos de dominação colonial, reclamando contra o ocidente que se entende como o supra-sumo da humanidade e revindicando que, a única maneira de enfrentarmos as desigualdades, de postularmos um mundo mais democrático, um mundo mais justo é enfrentado o racismo, enfrentando os efeitos da colonização.
Portanto, Fanon, nos convoca nos seus escritos, sobre «Alienação e Liberdade», assim todos os outros escritos para uma descolonização do pensamento. Esse é, Frantz Fanon, uma filosofia de resistência, uma filosofia, uma psiquiatria, uma clínica que nos convoca para descolonizar o pensamento.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [07] de Outubro 20[22]