Por Edwin Hounnou
Esta frase "asneiras impostas" pertence a Filipe Nyusi, pronunciada numa das suas inspirações de fuga para frente, para justificar os graves erros nos livros da sexta classe, e não só, mas também todos os demais livros escolares estão cheios de erros. O Presidente pretende inocentar alguém do seu governo pelos erros dos conteúdos nos livros escolares. Nyusi quer dar a entender que os erros cometidos se devem à fraca capacidade financeira do país e os financiadores têm imposto seus conteúdos nos manuais por serem eles a pagar a impressão dos manuais. Ora, isso é, de todo, falso.
Isso constitui uma grande mentira. Nem é algum equívoco. Nem aqueles que não conhecem o processo da elaboração dos conteúdos até à impressão acreditam que algum país financiador tenha a pretensão de introduzir algo errado nos livros. Não se entende o objectivo que um financiador pretenderia atingir ao dizer que Moçambique já não faz parte da África Austral, mas se deslocou para uma outra região qualquer.
Nenhum parceiro pode agir de tal modo. Isso pode ser uma acção do "inimigo interno", produto de lutas internas que se digladiam para o controle do Estado. É uma acção criminal que Nyusi procura jogar para fora do "ring". Não são parceiros internacionais que dirigem o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. O INDE - Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação - tem a missão de conceber, elaborar os conteúdos dos livros escolares e corrigir os possíveis erros. Aqui não há mão externa.
Os parceiros não são chamados na concepção e elaboração dos conteúdos dos livros escolares nem na sua correcção. Quem concebe e elabora os conteúdos dos manuais escolares são funcionários do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, MEDH. As equipas que fazem a revisão dos conteúdos são do MEDH. Havendo estrangeiros, trabalham sob o controle do MEDH e não o contrário. Nyusi tenta jogar areia aos olhos do povo. Procura, a qualquer preço, ludibriar ou enganar o povo.
O crime foi cometido por indivíduos ligados ao sistema da Educação. Alteraram os conteúdos enquanto os revisores andavam ocupados por coisas mais interessantes para si. Os parceiros pagam a factura e não aparecem em mais nenhum momento. Como entre camaradas não há responsabilização, vimos a ministra a "decapitar" funcionários enquanto ela era protegida pelo Prrsidente. Como golpe teatral, ela exhibiu musculatura, liderarando uma comissão de inquérito que não investigou coisa alguma.
Ela deveria ser o alvo principal de inquérito, mas virou inquiridora em causa própria, o que tirou o mérito da comissão de inquérito. Deu a entender que se trata de uma brincadeira para entreter os mais distraídos. A ministra, que permitiu a tantos erros, continua no seu posto sem qualquer tipo de escoriações. Ficam confirmadas as nossas dúvidas de que o governo é um clube de amigos que se protegem uns aos outros. Nyusi acoberta incompetentes.
A ministra da Educação tinha a obrigação de controlar a elaboração dos manuais e verificação mas nada fez. Correu para responsabilizar os mais fracos. Teve o desplante de aparecer perante os órgãos de comunicação social a acusar a este e aquele. Num país normal, a ministra estaria em casa a cuidar da sua horta. Aqui, não há cultura de transparência e de responsabilização. Essa cultura é de outras latitudes, de outra gente.
Na nossa terra, os culpados sempre são os outros. Em nenhum momento somos nós. São os parceiros que envenenam de ignorância os manuais escolares. Sempre há uma mão externa para explicar os nossos fracassos. Desde que chegámos à independência, a mão externa ou a mão estranha sempre esteve presente no nosso quotidiano. Ela introduziu a guia de marcha, criou aldeias comunais, fazia prisões arbitrárias e aplicava a pena de morte e emilia falsos comunicados. A mão externa/estranha está destruindo as nossas florestas, exporta em bruto a nossa madeira. Rouba os nossos recursos.
Nós nunca somos culpados pelas coisas menos boas. Deixamos de produzir alimentos devido à mão externa. As fábricas deixaram de produzir como resultado da mão externa. As ruas e estradas esburacadas pela mão externa. As cidades estão a cair de pobre pela mão externa. A mão externa, vista por Filipe Nyusi, continua a lixar o país! A mão externa/estranha que sufoca o país tem nome, chama-se Partido Frelimo. O macaco quando não sabe dançar, diz que o chão está torto, segundo um ditado popular.
CANAL DE NOÇAMABIQUE – 16.11.2022