Onda de violência impossibilita alunos de realizar este mês os exames nacionais. Mais de 38 escolas foram afetadas e 216 professores encontram-se em fuga.
"Houve alunos, na segunda-feira, que fizeram exames no período da manhã, mas de tarde houve um ataque nas proximidades da escola e dispersaram-se juntamente com os professores. E não fizeram os exames do dia seguinte", referiu Feliciano Mahalambe, porta-voz do Ministério de Educação, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Este caso mais recente serve para ilustrar o que se tem passado na região.
De acordo com aquele responsável, a situação afetou alunos do sexto e sétimo ano em 38 escolas de cinco distritos: Namuno, Balama, Montepuez, Muidumbe e Ancuabe.
As incursões de rebeldes colocaram em fuga 216 professores que até agora ainda não foram localizados, acrescentou.
Segundo Feliciano Mahalambe, estão previstas ações de apoio psicológico e estuda-se a realização de exames especiais.
"Sempre que ocorre esta situação o nosso apelo é que as crianças devem apresentar-se nas novas escolas das zonas seguras para continuarem a estudar", concluiu.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
DW – 17.11.2022