Por Edwin Hounnou
O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, MINEDH, está sob as garras de um inimigo sem rosto que, pretensiosamente, o Presidente Filipe Nyusi teima em chamar de mão externa que estraga o nosso futuro. Em ocasião anterior descrevemos que a tal mão externa está alojada no MINEDH e não representada pelos financiadores da impressão dos manuais escolares que, ao fim, aparecem com erros que se podem considerar de verdadeiros crimes.
Agora, o exame errado das Ciências Sociais da sétima classe foi para a Cidade de Maputo e a província de Nampula com conteúdos da sexta classe, pre-mudicando a 135 mil alunos. Voltaram a mostrar que o inimigo está entrincheirado no MEDH e a cantar que " daqui não saio, daqui ninguém me tira". Os que pensavam que o inimigo atirava a partir de fora, ficaram muito enganados. O inimigo está no MINEDH. Dispara certeiro, atingindo alvos sensíveis.
Alguém disse que para destruir um país já não é necessário lançar sobre ele toneladas de bombas atómicas, basta estragar-lhe o seu sistema da educação para, de imediato, perder o horizonte e começar a andar às voltas que nem uma barata fumigada. A colonização, a neocolonização, os saques económicos a que estamos sujeitos, começam por enclausular os povos vítimas em manto de ignorância e incapacidade. Somos nós mesmos que abrimos as portas para o inimigo entrar, muitas vezes, aliando-se a alguns de nós, principalmente, daqueles que mais gostam de dinheiro fácil.
Assistimos, no início de cada ciclo de governação, novos curricula, novos programas e novos livros. Sempre que chega um novo ministro, joga-se fora tudo que havia sido feito pelo seu antecessor e começa-se do zero. Ninguém diz nada. Ninguém faz nada. Todos assistem e batem palmas pelo atrevimento do ministro que chega. O MINEDH é um lugar onde se demonstra a arte de mal dirigir o nosso destino comum.
Há 47 anos que andamos que nem caranguejo - marcamos um passo em frente e três para trás e ainda sonhamos com um país forte e desenvolvido. Isso não passa de um simples sonho. Não vamos a lado nenhum. Passamos o tempo todo a nos enganarmos uns aos outros com números triunfantes de escolarização, mas os alunos já com o nível concluído, mal sabem ler e escrever. Para onde vamos assim? - Não custa adivinhar a resposta a dar. Andamos satisfeitos só pelo facto de existirmos.
As nossas autoridades não lutam pelo desenvolvimento nem aproveitarmos os recursos de que dispomos para a nossa felicidade. Ninguém imagina o quanto estamos a perder devido à nossa ignorância colectiva e pela esperteza de alguns dos nossos.
Estamos condenados a morrer assim se continuarmos conformados em apanhar as migalhas que caem da recheada mesa onde decorre o banquete dos ricos da nossa terra com os seu amigos. Não é por acaso que eles negliciam a educação reservada aos filhos dos pobres, pois se caracteriza por livros mal feitos, criminosamente elaborados por não estranha, e não externa como nos tentam impingir, que nos conduzem à ignorância e exames errados. Viramos um país de jogar para o caixote de luxo. Se o país estivesse estagnado, seria o de menos, mas regredimos. Os sucessivos governos que tivemos até agora nunca colocaram o país na sua agenda de trabalho.
Um país que não leva a sério a educação, terá o futuro obstruído. Um país que negligencia a saúde, caminha, trôpego e não vai longe. O nosso país anda estenfeitiçado. Não tem uma educação confiável e o sistema de saúde é deplorável. Os construtores dos sistemas da educação e de saúde do nosso país não confiam no que fazem. Os seus filhos não estudam nas escolas públicas. Estudam fora e nas melhores escolas que lá existem. Quando os nossos dirigentes estão doentes vão ao estrangeiro à procura de melhores cuidados médicos que não encontram nas nossas unidades sanitárias.
Nós ainda não vimos um dirigente sul-africano a sucumbir nos nossos hospitais. É por que não temos nada para lhes oferecer. Os nossos recursos naturais servem para enriquecer a outros. As nossas terras e madeiras são pilhadas. O carvão, gás, rubis. grafite e ouro tornam milionários a uns parasitas e malandros.
Bebamos água e deixemos de complicar o governo, como diz o Presidente Filipe Nyusi, ainda que o país continue sem um sistema de Educação de qualidade e com o sistema de saúde doente. Estão a destruir a auto-estrada capaz de nos levar ao futuro e o problema chama-se Carmelita Namashulua que o Presidente anda sempre a contornar.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 30.11.2022