INTRODUÇÃO
Nas últimas semanas assiste-se à reabilitação de infra-estruturas e reabertura de serviços públicos, assim como ao regresso de dezenas de milhares de indivíduos para vários distritos do Nordeste de Cabo Delgado. Paralelamente, decretam-se amnistias e mediatiza-se a apresentação de desertores e arrependidos às populações locais, para posterior integração. Não obstante esta imagem de maior estabilização do território, persistem diversos ataques em vastas áreas do Norte da província, alastrando-se pequenas incursões para a zona Sul, ameaçando interesses mineiros em Montepuez. Movimentos de retorno das populações aos locais de origem coexistem com a chegada de novos deslocados aos centros de reassentamento do Sul da província.
Depois de descrever a situação de segurança em Cabo Delgado, o presente texto pretende analisar os movimentos populacionais e de reintegração socioeconómica nos locais de origem. Por fim, reflecte-se sobre o tipo de sociedade que se pretende reconstruir no Norte da província, e respectiva viabilidade para a estabilização do território. A reflexão resulta de entrevistas realizadas a professores, técnicos da saúde, de organizações não-governamentais, chefes de localidade, assim como indivíduos deslocados, residentes nos distritos de Palma, Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga, Pemba, Nangade, Mueda, Muidumbe, Montepuez e Chiúre, realizadas em Outubro de 2022 na cidade de Pemba. Na análise foram também considerados dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Programa Mundial de Alimentação (PMA).
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