A estatal moçambicana Electricidade de Moçambique (EDM) tem pagamentos em atraso à sua congénere sul-africana Eskom na ordem de quase mil milhões de rands (14,6 mil milhões de meticais), incluindo montantes em disputa desde 2019, noticiou a imprensa sul-africana.
“Em 31 de Outubro, a EDM devia à Eskom 847 milhões de rands” (3 mil milhões de meticais), indicou a Eskom ao jornal diário sul-africano Business Report.
“Esse montante inclui a conta corrente, dívida em atraso não contestada, uma dívida contestada de 350 milhões rands (1, 2 mil milhões de meticais) bem como os juros sobre a dívida”, adiantou.
De acordo com o jornal sul-africano, os pagamentos em atraso da companhia eléctrica moçambicana à África do Sul incluem uma disputa entre as duas concessionárias de energia relativa à origem da energia eléctrica facturada nos meses de Outubro e Novembro de 2019.
Segundo a companhia estatal eléctrica da África do Sul, a sua congénere moçambicana EDM alega ter recebido energia adicional da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
A Eskom indicou ao jornal que a empresa compra actualmente 1 150MW de energia eléctrica à HCB, no âmbito de um acordo até 2030.
A companhia estatal eléctrica sul-africana, que enfrenta igualmente pagamentos em atraso por parte dos municípios na África do Sul, na ordem dos 52 mil milhões de rands (189,1 mil milhões de meticais), referiu que o processo de pagamento da dívida da EDM está agora em mediação.
“Não temos problemas com os nossos clientes internacionais, é apenas com Moçambique que estamos a tentar obter o pagamento de alguns valores em disputa e também de alguns valores acordados que não foram pagos. Estamos em mediação”, vincou o responsável pelas operações de transmissão da Eskom, Segomoco Scheepers, citado pelo jornal.
Em Junho do ano passado, o ministro dos Recursos Minerais e Energia da África do Sul, Gwede Mantashe, realizou uma visita de trabalho à capital moçambicana, Maputo, onde se reuniu com o ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, para discutir a cooperação bilateral entre os dois países no sector energético.
A companhia estatal eléctrica da África do Sul tem mantido cortes de energia em larga escala no país devido à escassez de capacidade de geração resultante de avarias e atrasos no retorno de algumas unidades de geração em serviço.
Em Abril, no pico dos cortes no abastecimento de electricidade na África do Sul, conhecidos como “load shedding” (redução de carga), a HCB não disponibilizou 270 MW à África do Sul devido a trabalhos de manutenção em Cahora Bassa, segundo a companhia eléctrica sul-africana.
A África do Sul, considerada o maior produtor de electricidade no continente, que provém 80% do carvão, importa também 75% da produção total da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), em Moçambique.