Passam seis meses desde que a Vale Moçambique, mineradora de capitais brasileiros, deixou o distrito de Moatize, província carbonífera de Tete, 15 anos depois de ter desenvolvido o maior projecto de exploração de carvão mineral a céu aberto no país. A multinacional sul-americana vendeu os seus activos na exploração de carvão mineral em Abril último, alegando estar a apostar numa “mineração de baixo carbono”. O negócio rendeu-lhe 270 milhões de USD.
Contestada à sua chegada, devido ao tumultuoso processo de reassentamento, a Vale parte sem deixar saudades junto da população do distrito de Moatize, a principal afectada pelo projecto de exploração do carvão mineral. Aliás, para trás, a multinacional brasileira deixa algumas contas por acertar, como é o caso da conclusão do processo de reassentamento de duas comunidades abrangidas pelo projecto e a finalização do pagamento das compensações aos oleiros.
“Carta” visitou há dias o distrito de Moatize para, junto da população e demais intervenientes sociais e económicos, apurar o legado deixado pela companhia brasileira naquele ponto do país. Da população aos empresários, passando pelas organizações da sociedade civil, há unanimidade de que Moatize não registou qualquer desenvolvimento durante os 15 anos em que a Vale esteve presente e que deixa a população mais pobre do que estava em 2007, quando a empresa iniciou as suas operações.
Pobreza, desemprego e poluição ambiental lideram a lista das reclamações apresentadas pela população, enquanto a falta de oportunidades de negócio a nível local é vista pelos empresários como o principal legado deixado pela mineradora brasileira. Contudo, alguns empresários avisam que o pior ainda está por vir com a entrada da Vulcan.
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