ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Nesta carta eu gostaria de propor para você[s] o pensamento de(s)colonial no campo artístico.
(In)felizmente, a história da arte foi construída, a partir de um pequeno recorte de raça, classe, género e geografia. Ou seja, foi construída por homens brancos, burgueses da Europa com referência ao mundo greco-latino e da tradição judaico-cristã e mais tarde os Estados Unidos, também entraram no sistema da arte.
Embora, com recortes tão restrito o pequeno mundo das artes foi 'universalizado' e essa tradição foi transmitida, a partir da história da arte, da estética e permanece ainda hoje inquestionada nas escolas de belas-artes de muitos países africanos e da América-Latina…
O que acontece com as manifestações artísticas de outras culturas como as africanas, ameríndias…? Simplesmente, elas foram 'marginalizadas' da história da arte e renegadas ao conceito como; artesanato, artefacto, objecto exóticos com destino aos museus de antropologia não de arte, a pesar de vários desses artistas do cânone terem-se apropriado dessas artes para construir seus trabalhos.
Note-se que, essa estrutura de que, a arte, de quem é artista se refletem ainda hoje na sociedade moçambicana, apesar de tanta tentativa de 'horizontalizar' as produções que continuam concentrados em artes dos brancos euroamericanos.
Portanto, é preciso ampliar o olhar e entendimento do que é arte, porque agente ainda denomina o artista africano, artista árabe, artista indiano, artista negro para designar aqueles que fogem da norma padrão do homem branco artista euroamericano.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, [13] de Dezembro 20[22]