A Associação Médica de Moçambique (AMM), acaba de anunciar (hoje 02 de Dezembro), que vai mesmo avançar para uma greve de 21 dias prorrogáveis a partir das 7:00 horas do dia 05 de dezembro, em todo território nacional, na sequência da falta de entendimento nas negociações com o Governo. Do seu caderno reivindicativo, os médicos dizem que o Executivo só satisfez 25%.
A partir desta segunda-feira, vários sectores poderão ficar paralisados desde as consultas externas (incluindo as de atendimento especial ou personalizado), cirurgias electivas, exames auxiliares e procedimentos médicos de diagnóstico, autopsias, actividades de saúde pública, atividades de ensino e de tutoria em todas as instituições de formação em saúde do sector público.
Os médicos acusam o governo de não ter cumprido com o acordo de correção das inquietações da classe resultantes de um consenso alcançado três dias antes da greve nacional que inicialmente estava convocada para 07 de Novembro último. Passadas quatro semanas, das 14 reivindicações enviadas ao Governo, apenas quatro estão resolvidas segundo os grevistas, que avançam ainda que houve regressão em duas.
“Com base neste acordo, os médicos decidiram adiar a greve por quatro semanas para que o Governo pudesse continuar com o diálogo e, implementasse o acordado nessa reunião. Desde essa data, a AMM enviou ao Governo duas cartas a manifestar a sua abertura para aprofundar o diálogo e a solicitar o ponto de situação da implementação do acordado, porém não teve nenhuma resposta”, avançou Milton Tatia, presidente da Associação Médica de Moçambique.
Revela ainda a associação médica que após muita insistência e pressão pela comunicação social, o Governo reuniu-se duas vezes (nos dias 23 e 30 de Novembro) para apenas informar (e não negociar) o ponto de situação das reivindicações da classe médica.
“É muito difícil aceitar que o Governo solicite tempo para reflectir e depois de quatro semanas não tenha nenhuma proposta relativa ao que os médicos vêm reivindicando desde 2014, a remuneração extraordinária e o pagamento da diuturnidade de acordo com o estipulado no seu estatuto. É muito difícil aceitar que o Governo não perceba a importância de garantir a colocação e a retenção de médicos nos distritos e províncias mais periféricas deste país, prejudicando deste modo o acesso destas populações aos serviços de saúde”, refere.
A AMM diz não perceber como é que o Governo assume o compromisso de satisfazer as exigências dos médicos e no final aprova um decreto com uma redução em 75% em relação ao acordado.
“Estranhamos o facto de não existir nenhuma transparência na forma como os salários dos médicos estão a ser processados. É inconcebível que estejam a ocorrer tantos erros no processamento destes salários e que até ao momento, nenhum médico saiba quanto deve auferir e, quanto é que o Estado está a dever”.
Por estes e outros motivos, a classe médica diz que vê-se obrigada a iniciar uma greve de 21 dias prorrogáveis, a ter inicio as 07:00 horas do dia 05 de Dezembro de 2022, em todo o território moçambicano, o que a efectivar-se poderá comprometer o funcionamento normal dos hospitais, numa altura em que aproxima-se a quadra-festiva. Aliás, contas feitas apontam que se não haver cedências por parte do governo só irão retornar ao trabalho depois da festa de Natal.
In ÚLTIMA HORA: Médicos vão mesmo entrar em greve a partir de dia 5 de Dezembro - (evidencias.co.mz)