Por Arlindo Chissale
Uma vez chegado em Nacala, meu coração estava em Cabo Delgado e exatamente aonde estive, em Litamanda. Consegui visualizar e despejar todas as imagens, partilhei em diferentes dispositivos e googleDrivers e separei o que poderia ser usado de forma instantânea e a longo prazo. O vídeo de combate directo, não o publiquei apenas o guardei, faz anos e não sei como, mas, consegui outro dinheiro para usá-lo de volta a Cabo Delgado.
Eu já tinha noções sobre o que estava a se passar em Macomia e sabia que havia um atalho pelas margens e rio Messalo que dava acesso ao vizinho Distrito de Muidumbe. Mesmo o Google Mapa me dizia, incluindo a distância, mas, já tinha informações prévias de que era EXPRESSAMENTE proibido quer por insurgentes, quer por militares, a travessia daqueles atalhos. Já tinha me informado sobre o como transitar, pelo cajual do tempo colonial até chegar em Muidumbe, mesmo a pé, mas, era impossível. Então, fui à Muidumbe, usando via Montepuez, Mueda e depois para Muidumbe. Mesmo este segundo atalho por mim usado, não era fácil chegar. Havia inúmeras cancelas de militares e quanto a mim, acreditem que eu saí de Muidumbe, com dois anos de idade e fazia mais de 35 anos que não chegava. Na verdade, fui nascido em Muidumbe, quando a divisão administrativa ainda pertencia Mueda. Meu registo ficou o de Mueda mas geograficamente, fui nascido em Muidumbe, terra dos puros macondes. Mesmo quando cheguei, desta vez e uma semana depois do grande ataque a Litamanda e Chai, liguei para o Homem de Tete e lhe esclareci que eu estava naquela altura, em Muidumbe e exatamente a visitar o Hospital. Ele ficou feliz e acrescentou que foi lá aonde eu fui nascido, na altura, foi ele a inaugurar o Centro e não era Hospital, mas sim, Centro de leprosos. A ideia do Governo era de isolar leprosos, colocando-os nas matas de Mueda (Muidumbe) pois, a lepra ainda era um milagre a ser desvendado pela medicina. Acreditava-se que fosse peste e ele era um dos pioneiros a ir encarar pacientes de lepra pela Província de Cabo Delgado. Por lá, eu nasci e tenho um dos primeiros registos de natalidades hospitalares ou de partos formais, em 1979. A minha comunicação com meu pai, homem de Tete, terminou por ali e alguém de confiança já tinha indicado a um outro alguém para me acolher e por sinal, uma matrona mulher a qual, prefiro não fazer citações dela.
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