Por Edwin Hounnou
Moçambique é um país dilacerado, com o seu tecido socioeconómico, totalmente, destruído devido a políticas erradas adoptadas pelo Partido Frelimo, no poder desde à independência nacional, a 25 de Junho de 1975. Em termos globais, o país regrediu em quase todos os sectores - deixou de produzir o mais básico, como cereais, para o povo se alimentar. Tudo que se consome é importado. O programa SUSTENTA não passa de é um conto de fadas, um folclore político. É uma grande mentira. Para nada servem os 36 milhões de hectares de terra arável, dezenas de rios com curso de água permanente, mais de 30 milhões de almas disponíveis. O país tornou-se num mero silo onde todos vêm buscar matérias-primas.
No nosso país, a qualidade do ensino é lastimável. As infraestruturas estão todas degradadas. Não tem uma única estrada, em condições praticáveis, que ligue, entre si, as 11 maiores cidades do país. Os edifícios das cidades e vilas estão, totalmente, encardidos por falta de pintura, durante várias décadas, e alguns a caírem como farrapos. Falhamos tanto como país quanto como sociedade. Deixamos o crocodilo crescer e agora é um perigo que paira sobre as nossas cabeças. As políticas governamentais seguidas se mostram tão erradas quanto nefastas e ineficazes.
Os raptos, em curso no país desde 2012, vieram destapar o véu que tentava esconder a face de um governo corrupto e incompetente. Há cerca de 11 anos que a classe empresarial, composta na sua maioria por cidadãos de origem asiática, vem sofrendo raptos que resultaram na extorsão de 500 milhões de dólares, o governo não consegue esclarecer um único caso sequer. Os que regressam do cativeiro não prestam declarações às autoridades por desconfiarem que a polícia esteja feita com os raptores.
É um segredo aberto que muitos dos que voltam ao convívio familiar ficam sujeitos a pagar a "taxa de liberdade", uns por não terem conseguido pagar, na totalidade, o valor exigido para o resgate, outros para garantirem que não voltem a caírem nas garras dos raptores. As autoridades têm conhecimento disso, porém, ninguém se mexe para interromper que os empresários continuem a ser extorquidos e passem. Atrás das 300 famílias que fugiram dos raptos, o país tem vindo a perder avultados investimentos, milhares de postos de trabalho se perderam. Um governo que não garante segurança aos seus cidadãos e de outros países que vivem no seu território, não vale para nada. Os diversos governos da Frelimo têm demonstrado a sua insignificância política.
Será necessário muito tempo para o país voltar a recuperar os níveis de credibilidade que tem vindo a perder desde que ascendeu à Independência. Os diversos governos da Frelimo não têm feito o suficiente para colocar o país nos carris do desenvolvimento e o país vai ficando cada vez mais pobre. As suas riquezas - do solo e subsolo - são entregues a empresas estrangeiras e exportadas como matéria-prima e os moçambicanos ficam a ver navios. Quem percorre o país, de lés - a -lés, como nós, deve se ter apercebido de que já não temos mais nada a perder. O pouco que tínhamos evaporou. A confiança que tínhamos sobre os governantes desapareceu. Não se pode confiar em governantes que recebem toneladas de dólares em forma de vinhos.
As nossas florestas estão sendo devastadas por empresas estrangeiras e a madeira é exportada em toro, deixando para trás um enorme vazio e deserto. Não nos podemos considerar simples vítimas das alterações climáticas. A ambição desmedida de alguns e a negligência de algumas elites do partido governamental têm jogado um papel crucial no abate das nossas florestas. O povo está a pagar bastante caro pela sua falta de coragem de escorraçar do poder os corruptos que se fazem de nacionalistas enquanto não passam de gatunos que vêm corroendo e destruindo o nosso país.
Ninguém de fora irá lutar pelo povo para o tirar do fundo do poço. É preciso acordar para lutar pelo seu país, boa governação e por eleições justas e transparentes. O povo não se deve deixar embalar por showmícios, caravanas musicais, camisetes e beberetes, esquecendo-se de exigir que seja bem governado, o que pressupõe escolher gente íntegra, habilidosa e não de corta-fitas. Somos um país falido, um Estado falido que não serve o interesse do povo. A culpa é de todos - povo, partidos políticos e da sociedade. A culpa é de todos nós que ficamos em silêncio. A liberdade e desenvolvimento têm um preço muito elevado a pagar. O povo tem que ir à luta!
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 25.01.2023