Entre a realização da pesquisa de campo, a análise dos dados recolhidos, a escrita do livro e a fase final do trabalho que hoje é apresentado aos leitores com o título: Comunidades Costeiras: perspectivas e realidades, decorreu um hiato de um pouco mais que um ano. Embora esteja claro que, nem a argumentação dos vários capítulos e nem mesmo o essencial do conteúdo dos mesmos tenha sofrido uma alteração que ponha em causa a sua relevância para a compreensão actual de Moçambique, não podemos deixar de referir que i) o particular contexto sociopolítico e económico que tem caracterizado Moçambique desde meados de 2015 e especialmente ao longo de 2016 e, da mesma forma, ii) as alterações quer de âmbito regional quer global, têm reflexos profundos nas questões que o colectivo de autores discute nos diversos capítulos, dados os seus impactos sobre as políticas que norteiam as discussões inseridas nas Partes I e II deste livro.
As recentes mudanças que ocorreram nos preços do comércio internacional de matérias-primas derivadas da indústria extractiva e os efeitos da crise económica global reflectem-se directamente no abrandamento da economia de Moçambique levando a alterações nas previsões do seu crescimento económico. A agravar esta situação, em 2016 foram revelados dados escondidos sobre a dívida pública, que levaram a uma quebra de confiança no Governo, a uma desvalorização a pique da moeda e ao crescimento galopante da inflação, com todas as consequências que a crise provocou a uma economia nacional dependente dos grandes projectos e do Investimento Directo Estrangeiro1. Significa isto que as condições sociais das populações que constituem o grupo-alvo do estudo contido na Parte I deste livro também se deterioraram, e que os impactos desta situação se reflectiram directamente em todos os sectores económicos e sociais nacionais. O conflito armado que assola o país e uma perspectiva de paz ainda pouco clara, contribuíram para o agravamento da situação.
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NOTA: Deve ler-se para uma melhor, não completa, compreensão do que se passa actualmente em Cabo Delgado.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE