Daviz Simango nos deixou a 22 de Fevereiro de 2021, aos 57 anos, e até ao momento ainda não se conhecem a real causa que o tirou do convívio dos seus familiares, amigos, munícipes e de companheiros do seu MDM. Todos sentem um enorme vazio que ainda não foi preenchido e ninguém sabe se será, alguma vez, preenchido a brave trecho.
Os familiares, amigos e companheiros procuram-no em cada canto, nas crianças, nos velhos e nas mulheres que tanto respeitava e não o encontram. Partiu cedo demais e num momento quando todos os oprimidos mais precisavam dele.
Daviz era um bom exemplo, um líder que o povo precisa porque falava mais pelas acções que com as palavras. Daviz não sabia coagir a segui-lo, mas os seus actos deixavam as pessoas que o envolviam impressionadas. Estava sempre presente, onde estivessem e em quaisquer circunstâncias. Quem o conheceu ainda chora por ele. Ainda se ressente da sua ausência. Custa acreditar que Daviz partiu para uma viagem se regresso. Homens da estatura como a que Daviz havia atingido não morrem.
Daviz sempre esteve presente na vida das pessoas. Não sabia virar as costas a quem dele precisasse. Era escravo da sua palavra e amigo dos seus amigos. Era um homem de carácter muito forte. Não pendurava a ninguém, seja conhecido ou não, homem ou mulher. Todos encontravam nele uma palavra de conforto, um abraço. Ninguém saía do seu gabinete com a cara amarfanhada, nem que tivesse a resposta que não esperava. Tinha uma característica que o mantinha ligado intrinsecamente ao povo. O poder corrompe, sim, mas isso ao Daviz não se aplicava. Ele tinha o poder para servir e não o contrário do que acontece com os que cantam e dançam para enganar.
Aos que o procuravam, por chamada telefónica ou por mensagem, poderiam não ter uma resposta de imediato, mas, a noite, Daviz respondia a todos, a começar pelos menos próximos e terminava pelos seus colaboradores e amigos. A esses ligava mesmo a altas horas da noite e, quantas vezes, antes do sol nascer. Era disso que fazia de Daviz um líder nato do povo. Na arte de bem servir, não conhecia a tonalidade da cor da pele do seu interlocutor nem a sua militância partidária nem crença religiosa de cada um.
Ele trazia o povo no coração, não para ganhar voto, mas para servir. Para falar mal de Daviz, tinha que fazer um esforço adicional. Tinha que mentir pesado. Daviz não era santo, porém, estava muito acima da média. Mas muito acima de tantos que ferem a nossa vista. Apoiou aos mais necessitados e deu bolsa de estudos aos jovens.
Ele nunca disse algo igual, porém, o demonstrava sempre nos seus actos. Era humilde demais para pensar e expressar de tal modo. Daviz falava mais pelos actos. Um exemplo de que todos se lembram, Daviz nunca abandonava os seus que estivessem em conflito com a lei em qualquer parte do país. Mandava pagar a caução determinada para que o seu amigo ou companheiro não fosse privado de liberdade. Os outros, da outra margem, conheciam bem esse lado "fraco" de Daviz e aproveitavam, ao máximo, para lhe tiraram somas avultadas de dinheiro, em particular, em momentos eleitorais.
Falamos disso com conhecimento de causa. Ninguém ficou a apodrecer na cadeia por falta de pagamento de caução arbitrada, por vezes, por juízes arregimentados ao regime do dia. públicos. Daviz reprovou na escola de gatunagem. Não roubou nada dos munícipes nem ao Estado. Sabia servir e servir muito bem aos cidadãos.
Daviz merece mais que uma coroa de flores, preces e umas metidas ao peito. A única homenagem que merece é seguir o seu sonho de construir Moçambique onde cada um tenha as mesmas oportunidades. Meu grande xamwary (amigo), o povo reconhece a sua grandeza pouco vulgar. Por isso que é amado ainda que já não estejas entre os vivos.
Gente da estatura de Daviz não morre porque encarnam o espírito dos oprimidos e desfavorecidos que viam nele um guia da longa marcha da travessia do deserto. Não tinha mágoa contra os assassinos que matavam os seus pais. Gostaria que fossem destronados do poder para que não continuassem a fazer mais órfãos.
Os grandes homens não perdem a guerra, podem perder uma batalha. Pela Beira, nunca teve nenhum adversário à sua altura. Passou por cima de todos os demais concorrentes. A sua popularidade e empenho tornavam-no invencível. Daviz era um verdadeiro cavalo de corrida. Um batalhador incansável. Era uma verdadeira relíquia do povo. A alma do povo. Os heróis dos excluídos e oprimidos não morrem jamais. Daviz encarnou o povo e vive no coração do povo.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 15.02.2023