Comemorou-se no dia 18 de Fevereiro, o Dia Mundial de Pangolim cujo objectivo principal é elevar a consciência do público em geral com informação sobre a espécie e a sua Protecção.
Existem no mundo oito espécies deste mamífero, nomeadamente: Quatro asiáticas e Quatro africanas. Esta última é considerada desde 2017 espécie em extinção pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas, CITEs.
O pangolim é considerado o mamífero mais traficado no mundo, que chega a superar, o marfim e o corno do rinoceronte. Dados oficiais do Programa Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente, apontam para pouco mais de 1 milhão de pangolins traficados para o mercado negro asiático nos últimos 10 anos. Só na região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), estima-se em cerca de 50 mil animais abatidos por ano para efeitos de comércio ilegal.
Em 2022, 12 pangolins foram resgatados mercê dos trabalhos dos fiscais de florestas e fauna bravia dos parques e reservas em coordenação com a SERNIC e Procuradoria-Geral da República (PGR).
O pangolim desempenha um papel importante na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, sendo responsável pelo controle de algumas pragas, tais como formigas e térmites, mantendo o solo arejado e fértil. Estima-se que um pangolim adulto pode consumir mais de 70 milhões de insectos por ano.
Na tradição moçambicana, o pangolim é também designado por Eka (no Norte), Nkawale (na região centro) e Halakavuma (no sul) e possui um valor social cultural inestimável, visto como um animal associado a muitos mitos tais como é o de acreditar que foi enviado por Deus para trazer a prosperidade, a chuva, boas colheitas na agricultura ou por vezes como mensageiro de eventos negativos com a seca e outros fenómenos climáticos.
Importa realçar que antes da globalização, estes mitos e crenças contribuíram positivamente para sobrevivência desta espécie, impulsionando o aumento da procura de produtos derivados do pangolim para a medicina tradicional asiática. Este facto foi determinante para o declínio da população do pangolim.
Os pangolins são encontrados em toda a África e Ásia, mas todas as oito espécies estão em risco de extinção, mortas por sua carne e para uso na medicina tradicional.
Na Libéria, eles são comumente conhecidos como “ursos formigas” devido à sua dieta muito particular de formigas e cupins, e este santuário é um refúgio para eles.
“Desde que comecei a trabalhar com o Libassa Wildlife Sanctuary, sinto que os animais são parte de mim”, disse Deh Jr à CNN. “Então, sempre que vejo alguém machucando (um) animal, sinto que eles estão me machucando pessoalmente”.
Deh Jr se juntou ao santuário quando foi inaugurado há cinco anos e diz que na época cuidou de mais de 70 pangolins, a maioria dos quais foram trazidos para cá pela Autoridade de Desenvolvimento Florestal da Libéria depois de serem confiscados, entregues ou órfãos como resultado do comércio de carne de caça.
De referir que a Libéria é o país mais florestado da África Ocidental — com mais de dois terços de sua massa de terra composta por florestas. Ricas em fauna e flora, essas florestas fazem parte do hotspot de biodiversidade “Florestas Guineenses da África Ocidental”, que, de acordo com um relatório da USAID de 2018, contém um quarto de todas as espécies de mamíferos encontradas no continente, incluindo 30 espécies de primatas e três das oito espécies de pangolins do mundo.
“Dando plena protecção aos pangolins, no âmbito da CITES, eliminamos qualquer dúvida sobre a legalidade do seu comércio, tornando assim mais difícil para os criminosos ao traficá-los, e aumentando as consequências negativas para aqueles que o fazerem”, acrescentou.
Os pangolins são traficados para alimentar a cada vez maior procura da sua carne, mas também para suprir as necessidades da medicina tradicional, o que levou a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) a considerar todas as oito espécies em declínio e ameaçados de extinção. A medicina tradicional chinesa recorre as escamas de pangolin para promover o fluxo sanguíneo, reduzir inchaços e tratamento contra artrite.
Em 2010, a TRAFFIC publicou um relatório que estima que um único sindicato criminoso do estado de Sabá, na Malásia, tinha sido responsável por vender 22 mil pangolins em 18 meses.
Estimativas recentes indicam que cerca de um milhão de pangolins foram tirados da natureza nos últimos dez anos. Mas as estimativas totais são baseadas em apreensões de pangolins feitas pelos agentes da lei, o que pode representar o mínimo do tráfico total.
“Esta luta não termina por aqui. As partes devem se mover rapidamente para fazer cumprir a decisão. O comércio ilegal continuará a ameaçar os pangolins, enquanto a procura da sua carne e escamas persistir. (Omardine Omar)