Abstrato
A coexistência do Islã e da matrilinhagem tem sido vista como um 'paradoxo' por causa do patrilinearismo estrito que o Islã prescreve. Este artigo tenta desvendar esse enigma comparando Minangkabau, Kerala e o litoral norte de Moçambique que representam os casos mais conhecidos de prática simultânea do Islã e parentesco matrilinear, que inicialmente foi resultado da islamização pacífica através de redes do Oceano Índico. No século XIX, os regimes coloniais holandês e britânico ajudaram a sobrevivência da matrilinearidade, apesar de todos os esforços dos islâmicos em contrário, ao codificar as regras jurídicas locais. A integração portuguesa da nobreza matrilinear local em seu sistema administrativo colonial preservou a matrilinearidade dentro da ordem muçulmana local. Hoje em dia, essas comunidades são influenciadas pela modernização, pelas políticas do estado-nação e pelos movimentos reformistas islâmicos, mas os princípios matrilineares ainda regulam o uso da terra ancestral. Os exemplos mais conhecidos da coexistência da matrilinearidade e do Islã em longa duração são os Minangkabau no oeste de Sumatra na Indonésia e Negeri Sembilan na Malásia, comunidades muçulmanas em Kerala e nas Ilhas Lakshadweep na Índia e, em menor escala, em litoral norte de Moçambique no sudeste da África. 1 Embora cada um desses exemplos represente um caso particular, coletivamente eles resumem um 'paradoxo', uma vez que o Islã normativo exige patrilinearidade, parentesco, herança, sucessão e padrões de residência, bem como a família patriarcal.
Ao comparar essas regiões, este artigo argumenta que elas têm muito mais em comum em termos de características históricas e culturais, o que pode esclarecer como esse 'paradoxo' surgiu e por que ainda persiste.
Leia aqui Download Islam and Matriliny along the Indian Ocean Rim Revisiting the Old Paradox by Comparing the Minangkabau Kerala and the Coastal Northern Mozambique - pt_Bonate(2017)