A Saipem (SPMI.MI) concordou em reiniciar o projecto de gás natural liquefeito (GNL) em Moçambique para a TotalEnergies a partir do próximo mês de Julho, confirmou esta terça-feira o chefe executivo do grupo italiano de serviços energéticos citado pela agência Reuters.
O projecto, que seria o primeiro desenvolvimento onshore de uma fábrica de GNL no país, foi “congelado” em 2021 devido a questões de segurança. O contrato tem um valor de 3,5 mil milhões de euros (3,72 mil milhões de dólares) para o grupo italiano.
“Esperamos retomar gradualmente o projecto (de Moçambique), de acordo com as informações recebidas pelos nossos clientes, a partir de Julho deste ano”, disse Alessandro Puliti, CEO da Saipem, durante uma chamada sobre os resultados do grupo para 2022.
No início deste mês, a TotalEnergies mandatou Jean-Christophe Rufin, especialista em acção humanitária e direitos humanos, para levar a cabo uma missão independente para avaliar a situação humanitária na província antes de tomar uma decisão sobre o reinício das operações.
“Não temos visibilidade directa do relatório sobre os direitos humanos, mas concordámos com a TotalEnergies sobre o reinício das operações para Julho… isto implica que o nosso cliente está confiante em resolver potenciais questões pendentes até essa data”, disse Puliti.
Na terça-feira, a Total disse à Reuters que esperaria por uma avaliação dos direitos humanos encomendada pela Rufin antes de anunciar qualquer reinício do projecto.
A empresa francesa acrescentou que ainda não tinha uma data para quando iria receber o relatório, após uma estimativa inicial do final de Fevereiro.
Lorette Philippot, activista da Friends of the Earth France, disse que não era possível que as consequências negativas do projecto para o clima e as pessoas fossem resolvidas até ao Verão.
“A situação no terreno é crítica: a indústria do gás tem sido central para o conflito brutal que criou 1 milhão de refugiados internos”, disse Philipp.
Em Junho de 2019, uma joint venture entre a Saipem, o empreiteiro americano McDermott International e a empresa de engenharia japonesa Chiyoda alinhou-se no projecto de engenharia, aquisição e construção das duas unidades de liquefação do projecto de gás natural liquefeito em Afungi, na província de Cabo Delgado, em Moçambique.
Contudo, os trabalhadores foram evacuados daquela localidade em Dezembro de 2020, devido à ameaça levada a cabo pelos insurgentes islamistas, situação que levou a que a TotalEnergies declarasse ‘razão de força maior’ para parar os trabalhos.
Reuters – 28.02.2023