Pelo menos quatro pescadores foram raptados nesta semana por grupos rebeldes na zona costeira do distrito de Macomia, na província moçambicana de Cabo Delgado, situação que está a devolver o clima de insegurança quando a área voltou a ser povoada por pescadores, contaram à VOA nesta sexta-feira, 24, várias fontes locais.
O projecto de monitoria de dados de conflitos armados, ACLED, diz que o grupo pretende instalar uma nova base na zona de Namarussia, localizada entre a floresta Kathupa (Mucujo) e Quiterajo.
Segundo a ACLED, um número aproximado a 100 terroristas atravessou a estrada N380, uma das poucas asfaltadas no norte de Cabo Delgado, para tentar estabelecer uma nova base em torno das florestas de Namarussia.
O incidente mais recente deu-se na quinta-feira, 23, numa aldeia costeira em Quiterajo, no distrito de Macomia, tendo dois pescadores jovens sido raptados quando regressavam da faina, supostamente por um grupo rebelde armado, ligado ao estado islâmico.
Um terceiro pescador está desaparecido.
Na terça-feira, 21, outros dois pescadores, pai e filho, foram igualmente capturados por um grupo terrorista, que invadiu e surpreendeu os pescadores na aldeia de Paqueué, no mesmo posto administrativo de Quiterajo.
Nos dois incidentes os pescadores acabavam de regressar da aCtividade, e os relatos chegaram através de outros que conseguiram escapar através de embarcações artesanais e abandonaram a região, contaram à Voz da América.
“Ao todo eram 10 pescadores nas embarcações, mas foram raptados dois” , contou uma moradora local, citando um parente que escapou o rapto, realçando que um pescador está desaparecido, sem se saber “se está a deriva no mar” ou “perdido nas matas” da região.
Outro pescador, Amadeu Rassul, contou que parte dos rebeldes ficou à espera da chegada dos pescadores para executar o rapto, enquanto um outro grupo fazia buscas na costa em pequenas embarcações.
A pesca foi autorizada e é supervisionada pelas forças governamentais e estrangeiras que lutam contra a insurgência armada em Cabo Delgado.
A aldeia de Piqueué, uma das mais fustigadas pelos terroristas, foi atacada pelo menos nove vezes naquela região costeira do distrito de Macomia, era habitada nos últimos dias por pescadores, devido à calma que se regista dos ataques rebeldes na região.
O grupo rebelde já tinha atacado e matado quatro pescadores na zona costeira de Nagulue, em Mucojo, no distrito de Macomia, que tem sido o mais afetado por incursões de rebeldes armados até ao momento.
A Polícia da República de Moçambique em Pemba, não respondeu de imediato o pedido de comentário da VOA sobre os raptos de pescadores.
Nova base
O resumo semanal do projecto de monitoria de dados de conflitos armados, ACLED, divulgado na terça-feira, 21, indica que o grupo armado que esta a provocar instabilidade nas áreas a sul do distrito de Mocímboa da Praia e norte de Macomia, pretende instalar uma nova base na zona de Namarussia, localizada entre a floresta Kathupa (Mucujo) e Quiterajo.
Segundo a ACLED, um número aproximado a 100 terroristas atravessou a estrada N380, uma das poucas asfaltadas no norte de Cabo Delgado, para tentar estabelecer uma nova base em torno das florestas de Namarussia.
VOA – 24.03.2023