Introdução
Após o final da 2ª Guerra Mundial e o consequente rearranjo de poderes na ordem internacional, verificou-se a emergência progressiva de movimentos de autodeterminação antagónicos à ordem colonial previamente estabelecida, principalmente em África e na Ásia. Neste contexto, Portugal viu-se envolvido na “Guerra do Ultramar”, que se desenvolveu em paralelo com conflitos de características semelhantes que ocorreram em três Teatros de Operações (TO), nomeadamente Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Apesar da presença portuguesa em Moçambique remontar ao período dos descobrimentos, apenas durante o século XX se procura garantir uma presença efetiva em todo o território. Este meio, caracterizado por fatores geográficos determinantes em que se destacam diversos rios de grande envergadura, que o atravessam longitudinalmente, uma costa extremamente extensa no oceano índico e a existência de inúmeras etnias nativas, profundamente diversificadas entre si do ponto de vista cultural, colocou, no contexto de um conflito de características subversivas, enormes desafios ao Exército Português, não só
em termos táticos, como também ao nível do controlo da população1.
As primeiras ações armadas por parte de movimentos insurgentes só ocorreram em 1964, na antiga província de Cabo Delgado, três anos depois da eclosão do conflito nos territórios de Angola e da Guiné, e da perda dos territórios da Índia portuguesa.
Os movimentos que materializaram a ameaça, normalmente constituídos por um núcleo político e por um núcleo militar, eram apoiados por atores externos e procuravam garantir liberdade de ação para constituir santuários fora do território de Moçambique, nomeadamente na Tanzânia, Malawi, e nos antigos territórios da Rodésia do Norte e Rodésia do Sul.
Este documento ambiciona apresentar uma breve análise à luz da doutrina moderna utilizada pelo Exército Português nas operações executadas em Moçambique de 1964 a 1975.
O presente trabalho académico pretende efetuar uma breve caracterização do teatro de operações de Moçambique de 1964 a 1975 à luz dos modernos conceitos doutrinários das operações militares de estabilização.
Limitar-se-á ao estudo do Teatro Operações de Moçambique no período entre 1964 e 1975, caracterizando-o segundo os conceitos aplicados na metodologia do estudo do IESM, (2015).
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