ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Na África do Sul, a entrada do Ramaphosa se por um lado foi para incutir e atrair o investimento estrangeiro, porque Mandela deixou 'orientações' muito claras e foi por isso que ele foi 'brilhante', ele deixou o poder na transição em Mbeki, uma vez que, era de todos o mais preparado.
O Mbeki tinha uma educação extraordinária em termos de Universidades fora. Tinha autoridade, porque fez também a resistência com protagonismo extraordinário e, o processo de transição, transitou para o Mbeki, porque tinha menos 'anticorpos' por uma parte daqueles brancos e indianos, que tem um papel extraordinário na África do Sul. É preciso dizer, que os indianos têm um papel histórico na África do Sul muito grande
Mas, Mandela deixou bem repartida a necessidade duma transição posterior, embora a saído do Mbeki foi uma saída desastrosa como vocês devem ter acompanhado. Ou seja, foi uma imposição, uma forma violenta e o Zuma assumiu o poder não da forma mais aconselhável. O Zuma é menos preparado; o Zuma era o homem dos serviços de inteligência e o Zuma caiu nas “armadilhas” da corrupção de forma muito forte e deixou evidentes sinais de alguma incapacidade de gestão estratégica do Estado enquanto tal. Por outro lado, a vinda do Ramaphosa porque ele foi transferido de sindicalismo para o negociador do capital.
Por um, por outro lado, a transição da África do Sul envolveu uma componente de negociação estratégica onde incorporaram riquezas para o próprio África Nacional Congresso [ANC], uma parte daquelas negociações com as grandes corporações havia fundos que o ANC encaixava a percentagem directa. Foi também para ver se com isto o ANC cumpria as promessas que não foram cumpridas de âmbito social. Este é o grande problema que também está na África do Sul que tem algumas proximidades com alguns desafios que nós temos em Moçambique.
Repare[m] os milhões de casas que Mandela prometeu para os negros na África do Sul infelizmente não conseguiu construir, do mesmo modo, os milhões de empregos, educação, saúde e “vida próspera” que foram prometidos para os negros na África do Sul não conseguiram.
Por exemplo, eu tenho um amigo que viveu muitos anos na África do Sul que me dizia recentemente o seguinte:
África do Sul de ontem, do apartheid havia uma auto-estrada, havia de um lado, a terra era verde, havia relva nas casas ali viviam os ricos os brancos e, do lado contrário, a terra era vermelha e ali viviam só os negros.
Africa do Sul de hoje, pós-independência [pós-apartheid] e bastantes erros a seguir; tem na mesma uma auto-estrada, dum lado, a terra é verde vivem os brancos e algumas elites negras e, do outro lado, a terra continua vermelha vivem os negros apenas. Ou seja, não mudou o essencial do paradigma na África do Sul e este é um pouco a grande verdade que está sendo escamoteada pelos intelectuais e formadores de opinião pública.
Provavelmente, este é o grande problema na África do Sul. Aqueles bantustões, aquelas grandes áreas e… eu creio que vocês passam por lá e…vocês conhecem muito bem o Soweto e outros lugares, são os grandes bairros, imensos bairros de milhões de pessoas[negras] vivendo nas infras condições humanas.
Definitivamente, o cerne da questão na África do Sul, está relacionado com aquilo que é o implantar do 'ódio', porque falando da África do Sul, deve ter [8] / [10%] de brancos e esses [8] /[1 dos ricos e 0%] de brancos controlam cerca de [98%] da economia na África do Sul mas…, é muito mais fácil o negro atacar um negro.
De facto, temos que perceber que, o que está a acontecer na África do Sul hoje, não é inocente o projecto falhou e… há que arranjar culpados.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, [02] de Março 20[23]