A dívida pública interna agravou-se, de acordo com dados do Banco de Moçambique. O endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 301,3 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 9,4%, o correspondente a 26,1 mil milhões, em relação a Dezembro de 2022.
O Banco Central não avança com dados sobre a dívida no seu todo (incluindo a dívida externa) nem revela o rácio da dívida em relação ao Produto Interno Bruto. Entretanto, a dívida do país continua insustentável, segundo informações mais recentes sobre a situação financeira do Estado.
Ainda hoje, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25%. “Esta decisão é sustentada pela manutenção das perspectivas de uma inflação de um dígito, no médio prazo, não obstante a materialização e agravamento de alguns riscos associados às projecções de inflação, com destaque para a ocorrência de desastres naturais e o aumento da pressão sobre a despesa pública”, lê-se no comunicado do Banco Central.
A autoridade monetária diz que os riscos e incertezas subjacentes às projecções de inflação agravaram-se. A nível interno, destacam-se as incertezas em relação aos impactos dos recentes choques climáticos sobre os preços de bens e serviços, no curto prazo, assim como ao aumento da pressão sobre a despesa pública. Na envolvente externa, destacam-se as incertezas relativamente aos efeitos da volatilidade nos mercados financeiros globais e do prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
INFLAÇÃO DE UM DÍGITO A MÉDIO PRAZO
Perspectiva-se, de acordo com o Banco de Moçambique, uma inflação de um dígito no médio prazo. Em Fevereiro de 2023, a inflação anual acelerou de 9,78% para 10,30%, a reflectir, sobretudo, o incremento dos preços dos bens alimentares em face da ocorrência de choques climáticos, e o aumento dos preços dos bens e serviços administrados. Entretanto, a inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens administrados, manteve-se estável. Para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de inflação de um dígito, decorrente do impacto das medidas tomadas pelo CPMO, da estabilidade cambial e da tendência de redução dos preços das mercadorias no mercado internacional.
O supervisor do sistema financeiro antevê um crescimento económico mais moderado para 2023. “Estas perspectivas reflectem, sobretudo, a prevalência de condições financeiras globais mais restritivas, resultando numa menor expansão da actividade económica global e consequente redução dos preços internacionais das mercadorias de exportação”, disse o Governado do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
Excluindo os projectos energéticos em curso na Bacia do Rovuma, prevê-se um crescimento do PIB mais lento, devido, essencialmente, ao impacto dos recentes choques climáticos sobre a produção agrícola e diversas infra-estruturas.
O PAÍS – 30.03.2023