Por Edwin Hounnou
Uma guerra de grandes proporções, com repercussões devastadoras a nível global, entre a Rússia e a Ucrânia, decorre na Europa, arrasando as economias de quase todos os países, com ênfase as economias do chamado terceiro mundo, como é o caso de Moçambique. No início, tinha sido previsto que esta guerra fosse muito breve, mas a 24 de Fevereiro do corrente, perfez um longo ano de mortes em massa, destruições de infraestruturas e da economia global, sobretudo de coacções políticas e chantagem.
Agora, já não se sabe quando vai terminar o conflito porque ao invés de se procurar soluções para o seu término, as grandes potências, como os Estados Unidos (EUA), e médias tais como o Reino Unido e a França, que sempre estiveram na dianteira das guerras que destroem em países subdesenvolvidos, estão a jogar à fogueira mais gasolina. Estão preocupados em encontrar o culpado e cantam vitória para breve, enquanto despacham o seu arsenal militar para o campo da batalha. Não querem a paz. Querem que a guerra a fim de venderem o seu armamento.
A previsão do fim desta guerra é uma incógnita. Os seus efeitos estão a atingir as economias de todos os países. Esta assim como todas as demais guerras - santas ou pagãs, justas ou injustas, imperialistas ou de ocupação ou mesmo de agressão - servem para alimentar a indústria militar. Todos os envolvidos em guerras acabam debilitados e endividados, enquanto outros vão ficando podres de dinheiro acumulado à custa do sangue de inocentes.
Estão no campo de batalha, por um lado, os EUA mais a NATO - Organização do Tratado do Atlântico Norte, alegadamente em apoio à Ucrânia, de outro lado, está a Rússia que diz recear que os EUA e seus aliados coloquem armas nucleares junto à sua fronteira, uma vez que a Ucrânia tem a pretensão de se juntar à NATO.
São dois vizinhos desavindos e os demais, no lugar de procurarem um meio termo, botam gasolina na fogueira. A História mostra que o factor externo (o alargamento das fronteiras terrestres da NATO) à Rússia e Ucrânia é cada vez mais preponderante para a continuação deste conflito. Esta é a razão da guerra. Como consequência, os preços dos combustíveis subiram, de forma vertiginosa. Os preços dos produtos alimentares tornaram-se cada vez mais caros e a fome bate a porta dos pobres.
A guerra Rússia/Ucrânia é, de todo, contra a corrente dos tempos modernos que preconizam a resolução pacífica dos conflitos e não o que tem sido feito pelas potências ocidentais que levantam a bandeira da guerra com pretensões de esmagar a cabeça do "inimigo". Até ao presente momento, em todos os serviços noticiosos da imprensa ocidental só se ouve falar de armas e mais armas, de sanções económicas mais endurecidas que jogam ao ostracismo uma parte, neste caso, a Rússia.
Se a Rússia não fosse uma potência nuclear, talvez a mais poderosa do mundo, há muito que os EUA e o seu grupo integrante da NATO teriam já hasteados a bandeira da NATO na Praça de Kremlin, como o fizeram na Líbia, de Muhamar Kaddaf, e no Iraque, de Saddam Hussein, onde colocaram no poder seus "capangas".
Hoje em dia, a força das armas, seja qual for o exército, que o digam os americanos, é, de longe, superada pela vontade de os povos viverem em paz e em liberdade. Esse deve ser o caminho a seguir. O caminho da vitória militar deve ser desencorajado. O diálogo deve ser a bússola na busca da paz. As guerras mais sangrentas da História recente terminaram na mesa das conversações. As guerras coloniais, incluindo a que nós fomos sujeitos pelo colonialismo, terminaram as partes conversando.
As guerras promovidas pelos regimes racista da Rodésia do Sul e do Apartheid terminaram na mesa das conversações. Os que instigam a guerra, fazem -no a partir dos seus paláciox e não das trincheiras. Os que levam Volodimir Zelensky ao colo, o fazem pelos seus interesses corporativos e não por amor ao povo ucraniano. Alimentar a esperança de uma vitória militar contra a Rússia é lançar poeira aos olhos do mundo. É somente para perpetuar o sofrimento dos ucranianos a fim de vender armas. Nenhuma potência nuclear se deixará esmagar por meia cantiga sem mergulhar todos os povos num terrível abismo.
A forma sábia de apoiar o povo ucraniano, quanto a nós, é a neutralidade e apelar as partes ao diálogo e não meter-se na pista de corrida às armas e não empatorrar o povo com dívidas de venda de armas, que parece que seja o caso em apreço. Nós, também, fomos agredidos e nunca vimos tamanha solidariedade. Porquê só agora?!