- INTRODUÇÃO
Historicamente Moçambique é um país vulnerável aos eventos climáticos extremos (secas, cheias, inundações, ciclones e tempestades tropicais) (INGC, 2009), devido à predominância das precárias condições socioeconómicas da população (prática de agricultura dependente de condições climáticas e de baixa produtividade, elevado índice de pobreza (IOF, 2021; Kamer, 2022), insegurança alimentar (SETSAN, 2014)), associadas à localização geográfica do país, a jusante de cerca de 9 bacias hidrográficas principais partilhadas com os países da África Austral2, na costa oeste da zona de desenvolvimento dos ciclones tropicais3, e à existência de cerca de 2.700 km de extensão costeira (Bié, 2022; Mavume et al., 2021).
Esta vulnerabilidade é exacerbada pelas mudanças climáticas que, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, 2022), espera-se um aumento da intensidade e magnitude dos eventos climáticos extremos.
Em Moçambique, nas últimas 4 décadas, registaram-se cerca de 13 secas, 27 ciclones e 36 cheias, acompanhados de 29 epidemias diversas, com uma tendência de aumento anual de todos os eventos climáticos extremos, tal como se ilustra abaixo.