Por Laurindos Macuácua
Parece que Filipe Jacinto Nyusi está a cumprir uma promessa: a de assombrar Moçambique. E isso faz com competência inequívoca! O Presidente da República As temeridades do nyusismo! isolou a si mesmo- e do lado errado[1]ao lançar a ideia de concorrer a um possível terceiro mandato.
Embora, publicamente, Filipe Nyusi nunca tenha dito nada sobre o assunto, nós achamos que a ideia partiu dele pelo contrário já teria aparecido ao terreiro para dizer qualquer coisa. Qualquer argumento seria útil que o seu ruidoso silêncio! Estamos desconfiados. Do Presidente Filipe Nyusi. E não da Frelimo.
O partido já demonstrou de forma invulgar que habita um universo paralelo que só se explica pelo autismo típico de uma formação política em franca decomposição que mal sabe escolher alguém digno para lhe liderar. Aliás, isto diz tudo sobre a forma como o partido vê o País.
A pretensão de Filipe Nyusi de se candidatar a um possível terceiro mandato, não só faz mal a Moçambique e aos moçambicanos, como também faz mal à reputação do País no mundo, e isso, acreditem, tem um preço.
Antes desta temeridade, os investimentos estrangeiros já eram escassos, e dinheiro novo não chegava. Pesava a falta de credibilidade do Governo. Quando julgávamos que esse desastre estava, aos poucos, a passar, temos este golpe mal pensado. Definitivamente, Filipe Nyusi não quer bem a Moçambique!
Quer dizer, enquanto Moçambique afunda em desemprego, fome, carestia e falta de um Governo sério, o Presidente e seus acólitos tentam driblar a Constituição para que ele concorra a um possível terceiro mandato. Enquanto o País assiste, assustado, à deterioração da vida de moçambicanos, em Cabo Delgado- que escancara a incompetência do Governo-, o responsável por esta situação tem devaneios de se agarrar ao poder.
Enquanto a popularidade e a viabilidade eleitoral do mandatário despencam, o nyusismo aposta na trincheira do autoritarismo para sobreviver. Uma eventual emenda constitucional para um terceiro mandato presidencial em série viola a alternância de poder inerente à democracia. Mesmo uma abordagem utilitarista aponta frutos mais sólidos no pluralismo democrático: ao sacrificarem a liberdade, os regimes de excepção acabam sufocando a manifestação criativa do ser humano, levando a colapsos conhecidos.
Por isso sociedades empenhadas em fortalecer a democracia aceitam a legitimidade dos adversários no jogo político, respeitam a liberdade de imprensa e cultivam a tolerância democrática. No limite está a alternância no poder, porque – ensinava Hannah Arendt – “a política baseia-se no facto da pluralidade dos homens” e o conceito do pluralismo, exposto pelo teórico alemão do pós-guerra.
Ulrich Scheuner, pressupõe mandatos limitados e temporários. Jamais poderão prosperar propostas de reforma da Constituição para inclusão da possibilidade de um terceiro mandato.
A Frelimo e o seu líder já são adultos o suficiente para saberem que é através dos plebiscitos que se fazem os Césares! Seja como for, ainda acreditamos que ao Presidente, “o fiel empregado do povo”, ainda resta algum discernimento para se afastar de alguns “querimistas” que querem atrasar Moçambique. (Laurindos Macuácua)
DN – 12.04.2023