ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Nesta carta, falarei sobre os combates e o caos que se espalharam pelo Sudão. Mas, o quê exactamente está acontecendo naquele país?
Em 19[55] no final do período colonial britânico, o Sudão mergulhou em uma terrível e sangrenta guerra civil entre o Norte, dominado por poderosas elites e o Sul. O Norte queria governar sobre todo o Sudão, mas o Sul alegando raízes culturais distintas procurava a sua independência, com isso mergulhando toda a região em uma guerra que se estendeu por quase[ 17] anos deixando cerca de [1] milhão de mortos na sua maioria civis, mas a paz durou muito pouco e em 19[83] arrebentou outra guerra ainda pior ,do que, anterior que se estendeu por quase [22] anos deixando um saldo estimado em [1] milhão e [250] mil mortos.
O fim dessa segunda guerra abriu o caminho para independência do Sudão do Sul em 20[11]. mas, ao contrário, do que, muitos esperavam não houve paz, com o Sudão do Sul, mergulhando logo em 20[13] em uma guerra civil que durou [6] anos deixando quase [400] mil mortos e obrigando mais de [2] milhões de sudaneses a abandonarem suas terras fugindo da guerra.
Paralelo a tudo isso, no Norte o General Omar El Bashir, governava o Sudão desde 19[93] em eleições sempre marcadas por fortes 'denuncias de batota' com o seu Governo envolvido em graves escândalos de corrupção mergulhando a população do Sudão cada vez mais na penúria. A terrível situação da população levou ao iniciou de grandes protestos em Dezembro de 20[18], concentrados principalmente na Capital Cartum com as Forças Armadas sudanesas intervindo no dia [11] de Abril de 20[19] derrubando El Bashir do poder após [25] anos de ditadura 'travestida’ de democracia através de eleições fraudulentas .
Lembrando, desde 20[09] que El Bashir estava com uma ordem de prisão internacional decretada pelo famigerado TPI, o mesmo que recentemente emitiu uma ordem de prisão para o Presidente Vládimir Putin, com aquele Tribunal acusando El Bashir de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.
Após a sua queda, El Bashir foi detido com os militares 'negociando' a sua extradição para o Tribunal de Haia. Em Outubro de 20[21], houve um Golpe dentro do Golpe no Sudão com militares derrubando o Governo civil de transição sob acusação de 'corrupção' deixando um vácuo perigoso de poder, com isso abrindo caminho para o crescimento das Forcas de Apoio Rápido [RSF], um grupo paramilitar sudanês que tinha sido criado em 20[13] liderado pelo General Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemediti.
O RSF, com uma Força estimada em [100] mil rebelde tinha fortes ligações com o El Bashir, que incentivou a criação daquele grupo para as diversas guerras que travou contra 'Forças dissidentes' no interior do Sudão. Com a queda de El Bashir em 20[19] e com o contragolpe de Outubro de 20[21], Hemediti viu a oportunidade perfeita para preencher o vazio de poder no país, iniciando naquele ano o fortalecimento do RSF. Em 20[22] o RSF cortou qualquer ligação com os militares que estavam no poder no Sudão aliando-se com grupo de civis e paramilitares contrários ao novo Governo de transição. E no início de 20[23], durante negociações para diminuir as tensões entre o RSF e os militares no poder, Hemediti destacou milhares de homens dentro e a volta da Capital do Sudão com esses soldados lançando neste Sábado dia [15] de Abril 'ataques coordenados' contra diversos alvos importantes como; Palácio governamental e Bases militares na região da Capital e em outras cidades importantes como; Méroe e Alfachier.
De acordo com fontes no local, os combates no Sábado foram pesados com explosões e tiros por toda a Capital com os militares sudaneses no poder lançando contra os rebeldes um forte contra-ataque envolvendo inclusive meios aéreos, com os rebeldes do RSF publicando vídeos para provar que estavam com o controle de áreas vitais como; Bases aéreas a volta da Capital. E neste Domingo, dia [16] de Abril estimasse que [56] pessoas morreram nos combates com pelo menos [600] ficando feridas na sua maioria civis apanhados no fogo cruzado. Em nota emitida ontem, o RSF afirma 'controlar' [90%] dos locais mais estratégicos da Capital sudanesa, uma alegacão que é negada pelos militares no poder que afirmam que os rebeldes foram expulsos durante os combates de Sábado.
O líder militar no poder no Sudão o General Abdel-Fattah Burhan, disse no final de Sábado que a situação no país é tensa, mas que está sob controle acusando ainda o RSF de traição, já que, o ataque foi lançado durante negociações de paz, mas pelo seu lado, Hemediti, descreve Burhan como um criminoso e como verdadeiro culpado pelo iniciou dos combates.
No momento em que vos escrevo esta carta, a situação no Sudão ainda está indefinida.
Manuel Bernardo Gondola
Pemba CD, aos [16] de Abril, 20[23]