ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
O Sudão é palco de combates sangrentos entre Forças leais a dois Generais, que 'disputam' o poder no pais, um conflito que no primeiro momento parece interno, mas que tem potencial para se 'espalhar' para toda a região e que é, de interesse também de grandes potências como; a Rússia.
Hoje, vou tentar explicar, porquê o conflito no Sudão é + importante do que parece.
Primeiro, é preciso entender quem está lutando. O conflito tem dum lado o General Abel Farha Al-Burhan, ele é o líder de facto do Sudão e Comanda as Forças Armadas com [300] mil homens, do outro lado, está o Vice dele o General Mohamed Hamdan Dagalo + conhecido por Hemedt, ele Comanda o grupo paramilitar as Forças do Apoio Rápido [RSF], que hoje é uma espécie de Exército paralelo no Sudão com cerca de [100] mil combatentes.
O General Burhan e o General Hemedt lutam pelo controlo do país, isso apenas [2] depois de terem se unido para 'executar' um golpe de Estado em [25] de outubro de 20[21]. Vou-lhes lembrar, naquela época o Sudão era comandado por um Governo civil-militar de transição isso, porque em 20[19] 'manifestações' pela democracia haviam levado a queda do General Omar El-Bashir, que governou o suado por [3] décadas. A queda do Bashir deu inico a uma frágil transição rumo a democracia 'interrompida' de forma abrupta em 20[21] por um golpe militar.
O General Burhan como Chefe das Forças Armadas assumiu como líder de facto do Sudão, depois do golpe e o General Hemedt que se tornou uns dos homens + ricos do país com mineração de ouro assumiu como o número dois.
E porquê o conflito eclodiu agora? Bom…recentemente, negociações estavam em curso para um retorno a transição democrática e acabar com a crise política iniciada com o golpe de Estado de 20[21], mas um 'tópico' acabou dificultando essas negociações; as tentativas de integrar as RSF nas Forças Amadas do Sudão. Analistas dizem, que a 'discórdia' gira em torno de quanto tempo essa integração vai durar, e como ela vai-se dar; se dentro da estrutura vigente ou de uma nova estrutura e principalmente quem vai ficar 'subordinado' a quem e… esse foi o 'estopim' para o conflito que eclodiu no dia [15] de Abril.
Mas, o que pode resultar dele? O 'vencedor' do empate entre o General Burhan e o General Hemedt, muito provavelmente vai-se tornar no próximo Presidente do Sudão, ao 'perdedor' vai restar o exilo ou a prisão e isso se ele sobreviver; essa é a perspectiva se o conflito terminar logo, se for prolongado pode ser o iniciou duma guerra civil de duração incerta e 'devastadora' e que pode envolver cada vez + actores regionais e também potencias estrangeiras.
E para chegar ao ponto de porquê o conflito no Sudão é relevante é importante entender um pouco sobre o Sudão. O Sudão é o terceiro maior país da África e tem uma 'localização estratégica'. O Sudão é limitado a Leste, pelo Mar Vermelho, e faz fronteira com a região chifre da África onde está a Etiópia e a Eritreia. Além disso, o Sudão fica no Sahel, que é a faixa que atravessa a África de ponta a ponta; do Mar Vermelho até o Oceano Atlântico e tem o Rio Nilo, as águas do Nilo cruzam o Sudão e passam também pelo Egipto e pela Etiópia.
Analistas, dizem que o conflito no Sudão tem potencial para 'atravessar' as fronteiras e se 'alastrar' principalmente pelo Chade e pelo Sudão do Sul, [2] dos [7] países que fazem fronteira com o Sudão. Outro país fronteiriço é o Egipto que têm laços estreitos com os militares sudaneses e certamente apoiariam o Governo do General Burhan, o Egipto vê o Sudão como um aliado contra Etiópia que têm relações tensas com sudaneses por vários factores.
Já o General Hemedt tem boas relações com a Etíopa, além da Eritreia e do Iémen onde as RSF actuaram. Mas… não são só os países fronteiriços que tem interesses no Sudão, potências regionais como Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, há muito tempo tentam 'ampliar a sua influência' nos outros países árabes da vizinhança.
Os Emirados Árabes têm fortes relações com as RSF e desde a queda do General El Bashir em 20[19], o país está 'competindo' com o Egipto por uma 'influência' dentro do Sudão, apoiando grupos políticos rivais. De facto, os Emirados Árabes e Arábia Saudita vêem a transição no Sudão como uma oportunidade de 'diminuir influências' de grupos islamistas na região. Os dois países ao lado da Noruega, os Estado Unidos e a Inglaterra formam um grupo, que tenta mediar o conflito juntamente com ONU e UA.
No meio disso tudo, tem a Rússia, o Governo russo quer 'construir' uma Base naval capaz de abrigar até [300] militares e [4] Navios de guerra na Cidade do Porto Sudão, as margens do Mar Vermelho. O Acordo entre Cartum e Moscovo foi anunciado no fim de 20[20] e tem sido acompanhado com muita atenção pelos países imperialistas, que vêem a 'construção' com muita preocupação.
Certamente, essa seria a primeira Base naval da Rússia no Mar Vermelho por onde passa cerca de [30%] do tráfego mundial de contêineres [carga de importação e exportação] e que é uma 'rota de comércio crucial' para o envio de combustíveis para Europa. Analistas, dizem que nos últimos anos nenhum outro país 'aumentou' tanto a influência na África como a Rússia. E, aí entra também o Grupo Wagner, uma Empresa militar privada que têm fortes relações com o Governo russo. O Grupo Wagner actua há anos na África, e está no Sudão desde 20[17], em 20[21] o Grupo apoio o golpe militar.
Com certeza, o conflito militar actual no Sudão vai ter 'influência[s]' sobre a Base naval no Mar Vermelho e…é desse esperar que o Grupo Wagner actui em benefício do Governo russo, é, o que tudo indica o apoio a Hemedt. Analistas dizem que o Grupo Wagner, inclusive forneceu misseis para as RSF no combate contra as Forças Armadas. Facto, é que a 'intensidade do conflito' vem preocupando o mundo, em + duma semana de combates um balanço preliminar da OMS já apontava para + de [420] mortes e [3.700] feridos entre eles muitos civis, além de hospitais superlotados os combates levaram a escassez de água e energia.
E…enquanto isso, vários países retiraram ás presas seus cidadãos de lá e…sem o fim do conflito a vista a única coisa certa é…o 'desespero' do povo sudanês.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [30] de Abril, 20[23]