Um porta-voz da petrolífera francesa, TotalEnergies, disse haver pelo menos três condições para que os parceiros do Moçambique LNG decidam um possível reinício do projecto.
Estas condições, segundo declarou o porta-voz ao portal Rigzone, incluem “garantias relativas à segurança de Cabo Delgado”, que a empresa já “viu, no local, estarem a melhorar”, bem como “garantias em termos de direitos humanos”, que serão esclarecidas por uma missão confiada a Jean-Christophe Rufin, “um perito reconhecido em acção humanitária e direitos humanos”, assim descrito pela TotalEnergies.
Outra condição, segundo o mesmo porta-voz, compreende “uma visão clara dos custos do projecto após uma interrupção de mais de dois anos”, que deverá “ser mantida e não aumentada. Isto requer trabalho e compromissos precisos por parte dos empreiteiros [que estão impacientes], mas o grupo investidor levará o tempo que for preciso”.
A mesma fonte salientou também que um reinício dos trabalhos “é uma decisão do Moçambique LNG, não uma decisão da TotalEnergies que detém apenas 26,5% do projecto”.
“Dado o contexto, a decisão terá de ser unânime, e a posição da TotalEnergies é de que é apropriado reservar o tempo necessário para ter as garantias esperadas antes de considerar um possível reinício”, disse.
Também falando ao Rigzone, Siamak Adibi, consultor principal e chefe da equipa de gás do Médio Oriente na FGE, disse ser “difícil dizer quando é que o Moçambique LNG vai começar. A segurança melhorou significativamente desde 2021 e a TotalEnergies está em discussão com o consórcio liderado pela Saipem para iniciar gradualmente a construção a partir de meados de 2023”, acrescentou Adibi.
“Se conseguirem retomar os trabalhos de construção até 2023, poderemos ainda ver o seu primeiro gás em 2028”, rematou Adibi.
O projecto Mozambique LNG é descrito pela petrolífera francesa como o primeiro desenvolvimento em terra de uma fábrica de gás natural liquefeito no País. O projecto inclui o desenvolvimento dos campos Golfinho & Atum localizados na Área Offshore 1 e a construção de dois poços de liquefacção com uma capacidade total de 13,1 milhões de toneladas por ano, mostra a empresa no seu website.
O projecto teve início com a descoberta de uma vasta quantidade de gás natural ao largo da costa do Norte de Moçambique, em 2010, levando a uma Decisão Final de Investimento de 20 mil milhões de dólares em 2019, nota o site da TotalEnergies. Em Abril de 2021, a empresa declarou “força maior” no projecto. De acordo com o site da TotalEnergies, a empresa estava no bom caminho para entregar Gás Natural Liquefeito (GNL) em 2024.
“Considerando a evolução da situação de segurança no norte da província de Cabo Delgado em Moçambique, a Total confirma a retirada de todo o pessoal do projecto de GNL de Afungi, situação que a leva, enquanto operador do projecto de GNL de Moçambique, a declarar força maior”, informou a empresa em Abril de 2021.
A TotalEnergies EP Mozambique Area 1 Limitada, subsidiária integral da Total SE, detém uma participação de 26,5% no projecto Moçambique LNG. Os seus parceiros incluem a Mitsui E&P Mozambique Area1 Limited, com uma participação de 20%, a ENH Rovuma Área 1, S.A., que detém uma participação de 15%, a ONGC Videsh Rovuma Limited, a Beas Rovuma Energy Mozambique Limited e a BPRL Ventures Mozambique B.V., com uma participação de 10% cada, e a PTTEP Mozambique Area 1 Limited, que detém uma participação de 8,5%.