ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Porquê alguns países ficaram ricos e outros continuaram pobres?
O economista israelita Oded Galor se 'dedicou a pesquisar' como os seres foram 'capazes' de gerar tanta riqueza e desenvolvimento ao longo da história, mas ao mesmo tempo ele 'analisou' como a 'distribuição' dessa riqueza ocorreu de forma tão 'desigual'. o resultado foi um livro, recém-publicado que tem sido bastante debatido.
Em [4] pontos vou explicar os 'argumentos' de Odad Galor, Galor é também Professor universitário e vem sendo 'apontado' como um possível candidato ao Prémio Nobel de Economia.
Vou directo ao primeiro ponto, Agricultura e geografia. A revolução, ocorrida cerca de [12] mil anos atrás, tirou o ser humano do estágio da caça e colecta e levou a um ciclo de inovações, que representou um imenso avanço tecnológico. Foi uma mudança crucial, mas de consequências nem sempre positivas. Uma transformação que pode ser considerada favorável foi o surgimento de um grupo selecto de pessoas, que em vez desse dedicar a trabalhos manuais consegue forçar o seu tempo no estudo da matemática, das ciências e das linguagens.
“É a transformação para a agricultura que ao final permite o aparecimento de uma elite do económico, um grupo de indivíduos que é associado com o desenvolvimento de tecnologias, ciência, línguas etc. E essa elite, do conhecimento permitiu que as sociedades tivessem uma vantagem tecnológica que abrigasse populações maiores, que permitiu o surgimento de cidades e dos Estados e ao final, o surgimento de impérios” (Odad Galor).
Por muito tempo, as civilizações em vantagem competitiva estavam no chamado Crescente Fértil, uma faixa que vai do Egipto, passa pelo Médio-Oriente e chega ao Iraque. Alguns exemplos são os povos mesopotâmicos, persas, fenícios e os próprios egípcios, isso porque essa região foi a primeira a adoptar a agricultura eles tinha um clima favorável para produzir colheitas mais abundantes.
Só que, +- a partir dos anos 15[00], a produção agrícola foi perdendo espaço para a urbanização e para as navegações na geração de riqueza e aí começa o período de dominação dos europeus, período esse que teve um marco essencial: a 'Revolução Industrial', [200] anos atrás, tema do próximo ponto.
Revolução Industrial. Aqui entram em cena não só o 'acúmulo' de riqueza dos europeus com o comércio e exploração nas Colonias, mas também desdobramentos inesperádos de grandes acontecimentos como; uma pandemia iniciada muitos séculos antes; à Peste Negra, que chegou à Europa em 13[47] e 'aniquilou' [40%] da população europeia. Isso representou uma queda dramática na força de trabalho, que fez falta em todo o Continente, mas sobretudo na Inglaterra, que já tinha um sector urbano relativamente desenvolvido.
Para atrair trabalhadores ao campo, a aristocracia inglesa da época precisou fazer algumas concessões como dar direito de propriedade de terra a pessoas que não eram aristocratas, abrindo caminho para 'ascensão' de comerciantes e empresários isso na visão de Oded Galor, ajuda explicar porquê a Inglaterra saiu na frente na 'Revolução Industrial'.
“Como resultado disso, nós vemos o declínio do sistema feudal que existia na época, nós vemos a emancipação em grande extensão do trabalho e nós vemos gradualmente o desenvolvimento dos direitos de propriedade o que talvez tenha levado a uma industrialização precoce na Inglaterra antes de outros lugares” (Odad Galor)
Galor, explica, também que a 'Revolução Industrial' leva a sociedade a lidar com um ambiente de mudanças muito rápidas que impactaram muitos aspectos da vida das pessoas. “Para lidar com esse ambiente de rápidas mudanças tecnológicas, indivíduos precisam começar a investir em educação, eles precisam começar a investir em capital humano. No momento em que o investimento em capital humano está ocorrendo, o que observamos é que, as famílias pobres demais para investem na educação de seus filhos precisam economizar em outro elemento de seu orçamento que é o tamanho de suas famílias” (Odad Galor).
Eis aqui, mais um motivo importante da 'desigualdade', na visão do economista: os países que começaram mais cedo a 'investir' na educação do seu povo são os que conseguiram 'acumular' mais riquezas. Mas, não para por aí, parte desse enriquecimento se deu à custa da 'exploração' outros países e de mão de obra 'escravizada'.
Colonialismo e escravatura. O Oded Galor, lembra que o 'colonialismo' e a 'escravatura' em países como Brasil e muitos outros 'ajudaram a financiar' os países europeus. O dinheiro extraído das Colónias e do 'comércio de escravos' levou, mais tarde algumas nações a se especializarem na produção de bens manufaturados, com mais valor, em vez desse limitar só à produção agrícola. Enquanto isso, as Colónias foram 'forçadas' a se concentrarem na produção de matéria-prima e bens agrícolas. Essa limitação 'obstruiu' o desenvolvimento tecnológico, industrial segundo a lógica do economista educacional
A seguir, veja só em 'detalhes' o que o economista educacional fala sobre o 'colonialismo' e…sobre o Brasil:
“Então, se realmente queremos entender o desenvolvimento desigual no mundo, nós temos que nos perguntar porquê algumas sociedades foram capazes de colonizar outras? O que determinou a identidade de colonizadores e colonizados? No Brasil, escravatura e colonialismo são importantes, porque afectaram as instituições, hoje, afecta a desigualdade, falta de coesão social, afecta a falta de confiança no Governo e entre indivíduos” (Odad Galor).
Repare, aqui ele aponta uma diferença curiosa em relação a América do Norte: Canadá, e Estados Unidos, também foram Colónias, e também receberam mão de obra escrava africana, mas segundo Galor, 'prevaleceu' nesses países um tipo de plantação em que, não 'predominaram' grandes monoculturas. Isso, talvez tenha diminuído a concentração de terras nas mãos de poucos e ao mesmo tempo, talvez tenha 'favorecido' gradualmente o surgimento de instituições democráticas. Ou seja, seguindo o 'raciocínio' do Oded Galor, as instituições de Estado podem ser resultado do tipo das populações agrícolas em diferentes lugares do mundo.
Crescimento no Século [XXI]. Bom, mesmo 'destacando' esses fatores-chave para o 'acúmulo' de riqueza de alguns países, o economista aponta que o crescimento económico mundial dos últimos [200] anos foi uma etapa de imenso progresso para a humanidade, e não só para os países ricos. Mesmo em muitas nações em desenvolvimento houve significativos aumentos na renda per capita e na 'diminuição da mortalidade infantil', para citar alguns parâmetros bastante usados em métricas de desenvolvimento.
Galor, aponta que mesmo nos países em que a pobreza ainda é bastante presente, a conjuntura social teve uma melhoria sensível na comparação com [100] ou [200] anos atrás. Mas, essa mesma 'ânsia' por crescimento que marca o capitalismo moderno, a partir da 'Revolução Industrial' está relacionada, também à crise climática que pode levar o planeta à 'devastação' e até mesmo em condições extremas, à 'extinção' do homo sapiens.
De qualquer modo, Odad Galor se mantem optmistas. “Bem…a questão é se podemos definir o avanço da humanidade como progresso ou se algo do tipo que provoca catástrofes que vemos no momento na forma da mudança climática e talvez até na forma da inteligência artificial, que vai tirar o ligar de muitos trabalhadores da sociedade. Na minha visão é diferente, pois na minha visão é que fizemos muitos progressos. Nós fizemos um progresso tremendo, eu quero dizer, nós vivemos em condições que são quase irreais em comparação ao que tínhamos antes. Contudo, isto não implica que não haverá desafios a serem encarados. Eu acho que esses desafios podem ser enfrentados ao ponto que estivermos alertas para as consequências desses desafios. Portanto, eu acredito que estaremos prontos para mitiga-los e permitir um tipo de prosperidade na humanidade para seguir em frente”.
E…eu fico por aqui, conta para mim o quê você acha de tudo isso.
Manuel Bernardo gondola
Maputo, aos [02] de Maio 20[23]