Um grupo de terroristas que, aparentemente, terá conseguido escapar dos confrontos havidos na zona baixa do distrito de Muidumbe, norte de Cabo Delgado, escalou, na última sexta-feira, as aldeias mineiras de Meluco, centro da província. Nos locais “visitados”, os grupos terão conversado “pacificamente” com os mineiros, mas obrigando-os a cortarem cabelo “de forma decente”.
Aparentemente, segundo relatos, parte dos mineiros apresentava cortes que não foram do agrado do grupo de terroristas, daí a sugestão de correcção.
No concreto, os terroristas escalaram os centros mineiros localmente conhecidos por Nangumbe e Matandane, e neste último, em plena reunião obrigaram a cinco mineiros para rapar o seu cabelo, alegadamente porque estava a pontapear a crença islâmica.
A região não fica distante de Iba, onde ainda neste ano, os terroristas decapitaram 15 elementos da Força Local, que acabavam de regressar do ritual dos Naparamas, no distrito de Namuno. Por outro lado, há, na mesma zona, memórias de ocorrência de duas emboscadas ao longo da estrada N380, uma delas que matou um trabalhador da Médicos Sem Fronteiras.
“Eles disseram que nós não queremos matar nenhum irmão nosso, que é moçambicano. Assim, vocês que fizeram dreads, isto não se aceita na cabeça de um homem. Todos têm que rapar” - disse uma fonte que recebeu, em sua casa, garimpeiros que mantiveram encontro com os terroristas em Matandane, em Meluco.
No mesmo encontro, segundo a fonte citada, os terroristas reivindicaram estar por perto e a controlar algumas aldeias de Meluco, Macomia e Muidumbe, incluindo a região de Miangalewa que se localiza ao longo da estrada N380.
“Estamos aqui perto, na zona de Nlalamo, Chinguagua, Chachaxa, Chombaindo, Nangumbe (Meluco), Chitoio e Litandacua (Macomia), norte do Rio Messalo como Muide, Mandela, Mapate, Litapata, Maringonha e até algumas partes de Miangalewa (Muidumbe)” - enfatizou a fonte.
Na última sexta-feira, discursando numa saudação aos membros da Força Local, comando do distrito de Mueda, na sede distrital, o Presidente da República e Comandante Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), Filipe Nyusi, também confirmou que os terroristas tinha rumado à áreas do distrito de Meluco e exigiu que as forças locais fossem atrás deles.
Filipe Nyusi, que avalia positivamente o empenho das forças locais, até porque recentemente recuperaram armas nas baixas de Muidumbe.
Os elementos da Força Local voltaram a pedir o Chefe de Estado para garantir uma logística adequada, a exemplo de armamento, alimentação e fardamento.
Na ocasião, Filipe Nyusi disse que o governo estava a finalizar os procedimentos para implementar a lei recentemente aprovada sobre o funcionamento da Força Local, que também tem aval do Conselho Nacional de Defesa e Segurança. Este órgão esteve, também, reunido na sexta--feira, em Mueda, centro das operações do Teatro Operacional Norte.
MEDIAFAX – 16.05.2023