EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (142)
O recenseamento eleitoral termina mesmo amanhã ou será prorrogado? Não se espante, Presidente, por eu perguntar a si. É que o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, o conhecido STAE, não me parece mais do que um braço da Frelimo e o líder da Frelimo é o senhor. Logo…
O que o STAE andou a fazer- a oposição diz que é a mando da Frelimo-, afigura-se uma autêntica receita para o desastre. Quer dizer, é como se não bastassem as trapalhadas que o Governo tem cometido e o STAE quisesse acrescentar mais. Só são queixas!
Acho que já lhe disse isto antes: admiro-lhe a ousadia de se ter elegido Presidente da República, mesmo sabendo que não dispunha de um plano de Governo e nunca precisou debater as escassas, vagas e mal costuradas ideias que tem. Uma vez empossado, tentou fazer o que lhe passa pela cabeça ou o que lhe sopram a cada instante.
À falta de uma equipa afiada para governar, sempre improvisou. Cercou-se de auxiliares que lhe são leais. Competência importa menos. E se alguns deles, por qualquer razão ou sem nenhuma, lhe decepcionam, dispensa-os.
E sempre que a imprensa não lhe deu sossego, tentou enfraquecê-la desacreditando-a. Estelionato eleitoral é fazer o contrário do que prometeu.
A política de avestruz nunca foi uma boa panaceia. Este País está a rebentar pelas costuras e a Frelimo finge que não vê. A Renamo, esta semana na Assembleia da República, disse que não vai reconhecer os resultados do presente recenseamento eleitoral. Isso devia preocupar a Frelimo. Afinal de contas, todas as escaramuças que tivemos partiram de falares como este.
E a Frelimo sempre foi o partido do Governo!
Um país para caminhar bem, depende muito da qualidade das suas elites políticas. Mesmo se nos oferecessem toda a riqueza que os Emirados Árabes Unidos possuem, não iriamos a lado nenhum. É que a Frelimo, sabe-se lá quem lhe meteu isso na cabeça, acredita piamente que Moçambique só pode avançar com patriotismo e, sobretudo, com indivíduos que rezam segundo a cartilha dos camaradas. Não é verdade!
Tem de haver boa qualidade da elite política e isso mede-se pela sua capacidade de articular a sua percepção dos problemas do País. E se viramos as costas a tudo o que apoquenta o povo, que País estamos a construir?
DN – 02.06.2023