Por Edwin Hounnou
O director distrital do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) na Beira, Nelson Carlos do Rosário, chamou de macacos, inimigos e antipatriotas aos recenseados suspeitos que não votariam na Frelimo, faltando apenas chamá-los de turras e bandidos armados. Nelson do Rosário criou um grupo de Whatsapp e através dele instruia os seus supervisores para alterarem, trocarem e adulterarem a escrita dos nomes de quem eles suspeitassem para connferir vantagens fraudulentas ao seu partido.
Ao impedirem que tantos recenseados não votassem, provocariam uma massiva abstenção dando, assim, vantagem ao seu partido que se socorre de todos os meios ao seu alcance para reconquistar a autarquia da Beira que lhe foge entre as mãos desde 2003. A gente da Beira nunca facilitou. Resta à Frelimo esta cartada feia.
A 12 de Maio findo, o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) em conferência de imprensa, denunciou a prática de ilícitos eleitorais protagonizados pelo director distrital do STAE ao nível da autarquia da Beira, em conluio com os seus supervisores. A denúncia chegou à CNE (Comissão Nacional de Eleições) que, a 17 do mesmo mês mandou o STAE para que, de imediato, suspendesse o tal director. Para o espanto de todos, o STAE mandou passear a ordem de suspensão ordenada pela CNE e deixou prosseguir o seu director que continua em funções, gozando na cara dos partidos políticos que o contestam por ser partidário, dos eleitores a quem faz passar noites seguidas em filas e da sociedade civil que o pretendem ver fora do comando do STAE.
Com a recusa do cumprimento da ordem da CNE, o STAE demonstrou que não se subordina à CNE, por isso, não cumpre as suas ordens, deliberações e directivas. O STAE subordina-se à gente de outras galáxias, de outro nível, daquelas pessoas que têm vindo a fazer fraudes eleitorais, de eleições em eleições, como forma de garantirem a manutenção do poder.
Embora esteja escrito na lei que o STAE se subordina à CNE, porém, na realidade, não é isso o que acontece. É, de todo, falso porque o STAE não se subordina à CNE. Quem domina o STAE pode ter a garantir do poder e a vergonha por que passamos vai continuar até que haja verdadeiras mudanças na constituição e composição do STAE.
A mudança na administração do país é um direito que assiste ao povo moçambicano e não um é nenhum direito reservado apenas aos povos ocidentais.
A comunidade internacional que tem financiado os nossos processos eleitorais com o dinheiro dos seus povos sabem o que a Frelimo tem feito, mas, mesmo assim, os países ocidentais e os Estados Unidos reconhecem os resultados fraudulentos e as vitórias daí decorrentes como justas e transparentes.
A atitude dos que financiam às nossas eleições fundamenta-se no princípio segundo o qual o Ocidente prefere continuar com o feiticeiro conhecido a um desconhecido que não garante à disponibilidade de manter as portas abertas para o saque dos nossos recursos. Somos punidos por possuirmos recursos.
O Ocidente sabe quanto a Frelimo tem prejudicado o nosso desenvolvimento socioeconómico, mas não pára de apoiar corruptos, por esses lhes oferecerem de bandeja os nossos recursos.
A realização cíclica de eleições, no nosso país, não passa de um ritual desprovido de qualquer sentido de democracia e visa para impressionar o mundo, em particular, o Ocidente de que nós somos, também, democráticos. Daí os regimes os regimes políticos emergentes se beneficiarem de apoios financeiros dos países ocidentais que, sem qualquer hesitação, saúdam as vitórias dos nossos opressores.
Os povos ocidentais não admitem o tipo de eleições que ocorrem cá connosco. No Ocidente, as eleições são um julgamento em que a vontade popular expressa enquanto entre nós as eleições são qualquer coisa à maneira dos povos africanos. Os povos ocidentais organizam eleições para julgarem os seus regimes e não para cumprirem o calendário.
Não há uma democracia para os ocidentais e outra para os africanos. A democracia obedece a regras científicas aqui e acolá. O que não serve para os ocidentais, também não serve para os africanos e, sobretudo, para o povo de Moçambique. Queremos eleições livres, transparentes e justas. Nada de coacção da polícia nem de resultados fabricados pelos órgãos eleitorais.
O povo anda cansado dos corruptos. Quer descansar para ver outros horizontes e ver seu destino em outras mãos. O STAE não serve, é uma extensão do governo. É sucursal da Frelimo que hipoteca o nosso futuro.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 07.06.2023