Por Edwin Hounnou
Protagonista é o personagem principal de uma narrativa, como obras literárias, cinematográficas, teatrais, musicais ou outras e neste caso, brincadeira à política. Sobre o protagonista toda a trama é desenvolvida. As principais acções são realizadas por ela ou sobre ela, segundo Wikipédia. Toda a acção e o seu enredo se desenvolvem à volta do protagonista.
O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, STAE, coadjuvado pela Comissão Nacional de Eleições, CNE, é o protagonista do processo que gera uma grande confusão, que insistem em chamar de recenseamento, seguido de uma campanha eleitoral de mentiras que termina com o apuramento de resultados matrecos, fantasiados para manter o povo aprisionado a um regime apodrecido.
O STAE é o dono da festa. Os partidos políticos e a sociedade civil não passam de simples convidados à festa. Não desempenham nenhum papel determinante e sempre tem sido assim mesmo.
Quem estraga a festa é o STAE, a polícia que persegue, bate e prende os adversários do partido no poder, os tribunais amarrados ao partido governamental, incluindo o Conselho Constitucional que é uma extensão da Frelimo, apenas vestida de batinas pretas (togas) proclamando e validando resultados distorcidos como sendo verdadeiros que expressam, de forma genuína, a vontade do povo.
O STAE é um obstáculo para manter a injustiça política que o partido Frelimo tem vindo a cometer contra o povo. Este órgão é um problema no caminho da democracia e paz. O STAE age de má-fé para prejudicar a democracia.
Mais uma vez, ficou provado que as eleições que se aproximam serão injustas a deduzir do facto de o recenseamento ter sido selectivo, discriminatório. O tal procedimento criminoso visou alcançar o objectivo de manter no poder o partido governamental e facilitar para vença o inimigo, macaco e antipatriota, como é designada a oposição pelo director do STAE na autarquia da Beira, Nelson Carlos do Rosário, num grupo de Whatsapp por si criado para instruir os supervisores sob as suas ordens para não recensearem ou desvirtuarem os nomes dos suspeitos que não votariam na Frelimo.
Esse indivíduo não foi removido do seu cargo, ainda que a CNE, irmã-gêmea do STAE, tivesse, de forma branda, deliberado a sua suspensão, mas, continua, em pedra e cal, no seu cargo e a cometer os mesmos crimes.
Daqui não custa nada concluir de que as eleições de 11 de Outubro próximo serão um verdadeiro festival de fraudes para favorecer ao partido Frelimo com o apoio da polícia, dos tribunais locais e do Conselho Constitucional que, de eleição em eleição, vem proclamando resultados fraudulentos.
É esse tipo de eleições que matam a democracia, alimentam e suscitam conflitos e concorrem para manter o país subdesenvolvido e, como sempre, na cauda do mundo por entregar o comando dos destinos dos moçambicanos a indivíduos incapazes e corruptos.
Como resultado disso tudo, passam 48 anos pós-independência, o país não tem estradas praticáveis. A única estrada que liga o país do Sul a Norte, com cerca de 2.500 quilómetros, está com cerca de 1000 quilômetros cheios de buracos e com verdadeiras crateras.
Meter a sua viatura na estrada nacional número um (EN1) equivale fazer harakiri, um tipo de autoemulação na praça pública que os bons japoneses cometem como sinal de arrependimento. É em mãos de indivíduos desta estirpe que STAE/CNE joga os interesses do país. Não vale a pena nos perguntarmos sobre os motivos do nosso atraso socioeconómico. A razão reside na qualidade da gente que faz a gestão do país.
Para o desenvolvimento de um país não basta que tenha como gás natural, petróleo, carvão, rubis e ouro, que possua um invejável complexo ferro-portuário, grandes centrais hidroelétricas. É necessário que tenha governantes inteligentes, laboriosos e íntegro. De outro modo, nunca saímos do buraco em que nos encontramos. Com governantes que colocam seus interesses individuais ou corporativos acima dos da maioria, as portas do futuro jamais se abrirão.
Apesar de o país possuir mais de 36 milhões de terra arável, mais de 60 rios com curso permanente de água, não consegue produzir o suficiente para se alimentar. Não produz nenhum cereal ou fruta para alimentar às suas populações.
O que está errado connosco? O erro reside na gente que dirige o país. Não há feiticeiro que nos impede de avançar. O feiticeiro é o governo que não tem ideias, nem lucidez, nem capacidade. A corrupção dilacera o nosso país e empobrece o nosso povo.
CARTA DE MOÇAMBIQUR – 14.06.2023
Canal de Moçambique, 14.06.2023