Desde 2016 que os moçambicanos e o mundo ficaram a saber sobre a existência das famigeradas dívidas ocultas, contraídas por entidades privadas e avalizadas por agentes do então Governo moçambicano, liderado pelo ex-Presidente Armando Guebuza. Entretanto, com o arranque das investigações e julgamentos em Moçambique, África do Sul, Londres e Nova Iorque, vários detalhes começaram a vir à superfície, como o envolvimento de várias figuras que até há três anos, eram insuspeitas.
No entanto, quando todos esperavam que o julgamento que levou quase um ano trouxesse todos os detalhes necessários, eis que o mesmo só concentrou-se nos valores dos subornos que recentemente ficámos a saber que afinal os somatórios podem não ser aqueles que o Ministério Público (MP) moçambicano exibiu para todos nós na tenda da B.O. uma vez que, durante a primeira audiência de Manuel Chang em Nova Iorque, a Procuradoria de Brooklyn avançou que afinal Chang não havia recebido cinco milhões de dólares das mãos libanesas, mas sim, 13 milhões de USD.
Olha que este pormenor acaba levantando novas questões que ao longo dos próximos meses ficaremos a saber, principalmente quando o julgamento cível começar em Londres, onde acredita-se que a Privinvest se defenderá com “unhas e dentes” para tentar recuperar a sua imagem amplamente manchada com o desenrolar do negócio que hoje parece ter pernas para andar em Luanda, capital de Angola.
Diante deste cenário, a questão é, se Manuel Chang que ao que tudo indica era um mero “pau mandado” teve mais de 13 milhões de USD conforme o Ministério Público americano, imaginemos quanto os seus superiores na pirâmide hierárquica do calote terão recebido de subornos dos libaneses? E o chefe então, quanto deve ter ganho para ter tanto medo assim de se explicar?
O tapete do escândalo das dívidas ocultas ainda demonstra que existe muita poeira por baixo e que dependesse das autoridades moçambicanas a mesma deveria ficar escondida e no topo dos segredos dito do Estado, mas infelizmente, divergências entre os mentores e negociadores acabou expondo as marcas da besta que o dinheiro possui, e principalmente, quando o mesmo implica o sofrimento do povo ou dos bons em detrimento dos maus!
Deste modo, a nossa questão continua em alta: E quando a vez do chefe chegar, o que nos espera. Quanto terá recebido afinal e será que o valor do calote foi mesmo 2.7 mil milhões de USD? Ou ainda teremos muitas surpresas? E se a vez do “Chefe chegar!” (Omardine Omar)