O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou nesta sexta-feira, 14 de Julho, que o Governo moçambicano deve reduzir a massa salarial ao nível dos países da região, para poder investir nas áreas prioritárias, com destaque para o combate à insegurança alimentar e à pobreza.
“Do lado das despesas, reduzir a massa salarial de acordo com os pares regionais ajudará a criar espaço fiscal para gastos prioritários. Fortalecer ainda mais a rede de segurança social continua a ser importante para tratar a insegurança alimentar e a pobreza elevada”, afirmou o director-executivo adjunto do FMI, Bo Li, citado no comunicado sobre a aprovação final da revisão ao Programa de Financiamento Ampliado para Moçambique.
No documento, o responsável reconheceu que a recuperação económica em Moçambique está a ganhar consistência, apoiada em projectos de Gás Natural Liquefeito (GNL), bem como na recuperação em vários sectores.
“A economia mostrou resiliência ao ciclone Freddy, que atingiu Moçambique no início de 2023. Embora as perspectivas permaneçam positivas, os riscos persistem, principalmente devido aos eventos climáticos adversos e à situação de segurança frágil”, afirmou.
Segundo Bo Li, as autoridades moçambicanas estão a tomar medidas correctivas para garantir a disciplina fiscal em 2023. “Do lado das receitas, o alargamento da base do IVA ajudará a mobilizar as receitas de forma eficiente”, reconhecendo igualmente que a orientação da política monetária “é adequada para ajudar a conter as pressões inflacionárias e a reconstruir reservas”.
No entanto, “embora a inflação tenha desacelerado mais rapidamente do que o esperado, é necessária cautela contínua para ajudar a ancorar as pressões inflacionárias e apoiar a estabilidade macroeconómica”, apontou Bo Li.
O director-executivo adjunto defendeu ainda que Moçambique necessita de fazer um progresso contínuo em todo sistema de governação, a começar pela luta contra a corrupção, e à apresentação ao Parlamento da Lei do Fundo Soberano, que visa desenvolver um quadro transparente, responsável e eficiente para a gestão das receitas do gás natural.
No dia 6 de Julho, o FMI aprovou a segunda revisão do Programa de Financiamento Ampliado para Moçambique, garantindo um desembolso de 60,6 milhões de dólares, assim como reviu o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5% para 7%.
Com esta aprovação, Moçambique passa a somar 212,09 milhões de dólares recebidos, num total de 470 milhões anunciados em Maio de 2022.
Nas previsões macroeconómicas para este ano, o FMI prevê uma aceleração do crescimento do PIB do País de 4,2% em 2022 para 7% este ano, antecipando que, no final do ano, a inflação tenha descido de 10,3% para 6,7%, o mesmo que em 2021, mas ainda assim quase o dobro dos dois anos anteriores.
O rácio da dívida em função do PIB deverá manter a trajectória descendente e chegar ao final deste ano nos 89,7%, melhorando face aos 95,5% registados no ano passado.