Os serviços de resgate empresarial da açucareira Tongaat Hulett, cotada na Bolsa de Valores de Joanesburgo (JSE), África do Sul, anunciaram esta sexta-feira (21) que o grupo tanzaniano Kagera Sugar foi seleccionado como parceiro estratégico preferencial para adquirir todos os activos de açúcar da empresa que, há meses, se vinha debatendo com a necessidade de se recapitalizar.
De acordo com a proposta de aquisição da Kagera Sugar, a operação consiste na incorporação da totalidade da divisão açucareira Tongaat Hulett Limited (THL) na África do Sul, bem como das suas participações no Zimbabué, Moçambique e Botsuana.
Em Moçambique, o grupo Tongaat Hulett opera as fábricas de açúcar de Xinavane, província de Maputo, e de Mafambisse, em Sofala.
Nas duas fábricas que detém em Moçambique, a Tongaat é responsável em cerca de 60% da produção do açúcar nacional. Para além de grandes produtores comerciais que a abastecem, a companhia também tem apostado num sistema de fomento de produção de cana-de-açúcar envolvendo as comunidades locais.
Actualmente integra mais de três mil pequenos produtores independentes, organizados individualmente ou em associações. Há pouco tempo, estes pequenos produtores eram responsáveis pelo fornecimento de perto de 38% de cana usada para fabrico de açúcar.
Segundo dados partilhados recentemente, a Tongaat indicava que pretendia a obtenção de recursos para utilizar no reposicionamento do grupo de forma sustentável e ajudar a assegurar o futuro dos seus cerca de 29 mil trabalhadores em operações na África do Sul, Moçambique, Zimbabué e Botsuana.
Já a Kagera é uma empresa produtora de açúcar situada em Kagera, na região noroeste da Tanzânia. Faz parte de um grupo de empresas que são os maiores produtores de açúcar naquele país e possui activos neste sector também na República Democrática do Congo (RDC) e no Médio Oriente.
“Iniciámos o processo com uma lista de mais de 70 investidores interessados, que foi reduzida a oito candidatos na aquisição dos activos de açúcar da Tongaat. pós um processo rigoroso, identificámos a Kagera como a candidata preferida”, referiram os profissionais dos serviços de resgate empresarial, citados pelo portal sul-africano Engineering News.
Segundo aqueles os serviços, a Kagera é um grupo financeiramente sólido, com um robusto histórico. Além disso, “a sua exposição a activos complementares no sector do açúcar na Tanzânia e na RDC proporciona conhecimentos técnicos e operacionais relevantes para apoiar a recuperação dos activos de açúcar da THL na África do Sul”.
“Adicionalmente, as refinarias de açúcar em Omã e no Barém permitirão o acesso a tecnologias e conhecimentos especializados de nível mundial para melhorar a eficiência “, referem.
Por sua vez, a tanzaniana Kagera assegura que “proporcionará igualmente à empresa sul-africana o acesso a capacidades técnicas para melhorar e manter os postos de trabalho em KwaZulu-Natal e proteger os meios de subsistência de várias partes interessadas em toda a cadeia de valor da THL, incluindo os dos pequenos produtores do grupo”, sublinhando que a aquisição está em conformidade com a estratégia global do grupo de expandir as suas operações em toda a África e com a sua visão de se tornar um dos principais produtores de açúcar do continente.
O director-geral da Kagera, Nassor Seif, afirmou que o grupo está empenhado em investir significativamente nas operações para modernizar as fábricas e expandi-las para aumentar a produção e a eficiência. “Iremos alargar os valores fundamentais que resultaram no sucesso das empresas do nosso grupo às novas operações na África Austral, para beneficiar os trabalhadores, os produtores e, em última análise, a economia da região”.
Em Moçambique, o sector do açúcar emprega directamente cerca de 35 mil pessoas e contribui com 25% das exportações agrícolas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).