A Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, composta por uma rede de 600 especialistas globais e regionais, denuncia a existência de uma rede criminosa, que está a dizimar animais selvagens de importante valor comercial na reserva do Niassa em Moçambique.
Os criminosos, a partir da fronteira de Chiponde, que estabelece limite entre Moçambique e Malawi, têm acesso à província do Niassa através da fronteira de Mandimba.
Uma investigação levada a cabo durante 30 meses pela Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional que tem o objectivo de combater redes criminosas, revelou que as operações transnacionais convergentes incluem o comércio ilegal de animais selvagens, o tráfico de pedras preciosas e o contrabando de um pesticida proibido em Moçambique.
No Malawi, segundo o relatório da investigação, os traficantes de animais selvagens fazem encomendas a partir do Niassa, em Moçambique, com seus intermediários.
Marfim, escamas de pangolim, dentes de leão e garras, são os produtos comercializados. Os correctores são principalmente comerciantes de pedras preciosas do Malawi.
Na província do Niassa, segundo escreve o jornal The Times baseado no Malawi, os gestores desta rede, contratam caçadores furtivos de Mandimba para obter produtos a partir da reserva do Niassa, uma das maiores áreas protegidas da vida selvagem em Moçambique, com uma extensão de mais de 42.000 quilómetros quadrados.
O relatório refere ainda que os caçadores furtivos, estão a usar um veneno para dizimar animais na reserva do Niassa, e aponta os garimpeiros de rubi e outras pedras preciosas como os maiores protagonistas.
Uma vez adquiridos, os produtos da vida selvagem são transportados juntamente com pedras preciosas, para Lichinga, de onde são traficados para o posto fronteiriço de Chiponde, através de Mandimba.
Aqui, com a conivência da guarda fronteira e alfândega, os produtos são contrabandeados directamente para Lilongwe ou seguem para o Oeste, onde são transportados por barcos de pesca de Mponda para a Baía de Senga, em Salima e depois para Lilongwe.
O porta-voz do Serviço de Polícia do Malawi, Peter Kalaya, disse que alguns factos narrados no relatório constituem verdade.
Kalaya afirmou que a polícia está actualmente a trabalhar em vários casos e tem alguns suspeitos em prisão preventiva, enquanto outros estão cumprindo penas de prisão. (RM Blantyre)