Por Edwin Hounnou
Margarida Talapa, ministra do Trabalho e Segurança Social no governo do Presidente Filipe Nyusi, chefe da brigada de assistência do partido Frelimo para a província de Sofala, disse, em sede da reunião com membros da sua formação política, que traz uma missão muito clara de arrancar o município da Beira e, caso seja necessário, daria a sua própria vida - palavras de Talapa. Isso pode ser interpretado como uma ameaça contra os que se opuserem aos desígnios da Frelimo de arrancar o município a ferro e fogo.
Em democracia, como se arranca uma vitória? Não é preciso esper0ar pelo voto popular depositado nas urnas que determina quem ganha ou quem perde uma eleição?
O mesmo tipo de ameaças foi proferida pelo chefe da brigada de assistência para a província de Sofala, nas eleições de 2008 e o que se viu foi um atentado contra a vida do candidato Daviz Simango que saiu do campo da Munhava escoltado pela população. Querem repetir a mesma proeza de violência contra todos que tenham pensamento diferente.
Agentes da polícia - sempre fiel ao partido governamental, sem pestanejar, abriu fogo para o lado onde se encontrava o então candidato independente, Daviz Simango que teve que abandonar o campo da Munhava às corridas e sob a protecação apertada da população, no longínquo ano de 2008. Essa atitude de ameaçar os seus adversários faz parte do seu DNA da Frelimo para qualquer perigo da derrota, a Frelimo chama a polícia ou combina ameaça policial com os truques da dupla politizada CNE/STAE.
Até aqui sabe-se que o STAE já desbravou a mata, não recenseando vários milhares de potenciais eleitorais vistos como macacos e antipatriotas por, supostamente, serem eleitores do "inimigo". Entende-se por inimigo aquele que se opõe ao partido no poder. À moda "monopartidária", chamam de inimigo aquele que seja opositor ao regime.
Quem assim os apelidou foi o director distrital do STAE ao nível da cidade da Beira, Nelson Carlos do Rosário, quando instruída os supervisores a si subordinados para rejeitarem os nomes dos tais antipatriotas e nada lhe aconteceu. Não foi exonerado do cargo nem processado apesar de protestos dos partidos da oposição.
A CNE, o STAE e os tribunais mandaram passear por, alegadamente, estar a prestar um serviço "patriótico" de tudo fazer para devolver o município à Frelimo, partido.
Neste momento, gente da Frelimo e membros da OTM estão a calcorrear bairros da Beira para recolher cartões de eleitores, assim impedi-los de votar ou para justificar enchimento de urnas. Aqui reside o motivo de conflitos a seguir à divulgação dos resultados eleitorais.
É assim que se joga uma disputa eleitoral em democracia? A Frelimo deseja impor a regra das armas para ganhar uma eleição, violando as regras da democracia, socorrendo-se da violência policial contra seus "inimigos". O pronunciamento de Talapa deve ser levado em conta. É um erro de avaliação concluir que se trata de uma forma leviana de falar.
Os partidos concorrentes às eleições deveriam remeter esse pronunciamento às instâncias judiciais para servir de prova de um crime premeditado. Para esse tipo de gente, quando se trata de atingir o poder, qualquer método serve para satisfazer a sua insaciável ganância. Todo o cuidado é pouco quando se está a lidar com pessoas gananciosas.
Talapa, para estar de bem com os seus superiores do partido, quer socorrer-se de todas trafulhices para devolver a gestão do município da Beira ao seu partido. Várias que ouvimos acerca das declarações de Talapa dizem que muitos quadros de primeira linha do partido Frelimo tornaram-se, mentalmente, raquíticos e não conseguiram se libertar do modus vivendi dos tempos do vanguardismo. Por isso, têm imensas dificuldades de aceitarem o jogo democrático e não aceitam o veredicto popular decidido nas urnas.
Os beirenses dizem que não se irão opor à decisão do povo e não se subordinar ao às ambições de alguns que pretenderem se opor o que o povo for a decidir. A polícia, os órgãos eleitorais e os tribunais aprisionados ao partido no poder não estão acima da vontade popular.
Os beirenses acrescentam que Talapa e a sua turma se quiserem comprar briga, os chivevianos dar-lhes-ão o troco merecido, querendo dizer que estarão prontos para subirem ao ring para um combate. Não se deixam intimidar por nada.
O espírito da guerra que seja desarmado e a regra democrática seja, escrupulosamente, respeitada pelas partes. Ninguém se deve vangloriar de ter vencido uma eleição através de fraude ou com recurso à força policial ou pelo favoritismo dos tribunais, como tem sido recorrente.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 12.07.2023