ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Sobre o nazismo pressionando pela dissolução dos antigos Impérios burgueses e a decadência das velhas Metrópoles europeias especialmente a Grã-Bretanha e essas Metrópoles foram substituídas na hegemonia dos países capitalistas pelos EU uma antiga Colónia Britânica. Nesse ambiente favorável vários movimentos de libertação nacional ganharam 'força' e foram conquistando a emancipação de países africanos e asiáticos até então subjugados por regimes coloniais, além da África, Médio-Oriente nós temos a libertação anticolonial na Ásia também. Parte vou-lhes lembrar, da luta do povo vietnamita contra japoneses e franceses, a luta do povo chinês contra os japoneses, e…enfim todas as lutas que foram travadas e foram vitoriosas na África e na Ásia, depois da vitória sobre o nazismo.
Parte desses movimentos, desses movimentos de libertação nacional teve um carácter + radical, 'rompendo' com as antigas potências colonias e tentando estabelecer sistemas pós capitalistas integrados em maior ou menor grau ao campo socialista liderado pela US de 19[45] até 19[91]. Outra parte desses movimentos de liberação nacional limitou-se a independência política constituindo elites nacionais que aceitaram o papel de sociais minoritárias das velhas Metrópoles com a troca do colonialismo por métodos imperialistas + modernos mediante Acordos económicos e militares que 'salvaguardaram' interesses senhoriais.
Essas duas correntes principais a de anti-imperialista e a de colaboração com o imperialismo se confrontaram desde os anos [50] por toda África Ocidental cada qual contando com os seus aliados internacionais. Esse choque entre os anti-imperialistas e os colaboracionistas foi partilhado por Revoluções, contra-revoluções, traições, rebeliões, golpes, revoltas. Uma das + destacadas dessas Revoluções na África Ocidental foi 'liderada' por Capitão Thomas Sankará em Burkina Faso antes chamado de República do Alto Volta. Ele era um militar marxista e pan-africanista tendo participado da revolta militar que depôs o Coronel Saye Zerbo, de direita, Sankará virou Primeiro-ministro em 19[83], liderando o Conselho de Salvação do Povo de Burkina Faso, torna-se num dos líderes + importante do movimento dos não-alinhados ao lado de Fidel Castro, Samora Machel e outros assumindo uma clara postura anti-imperialista.
Por pressão da França presidida pelo Socialista François Mitterrand, o Presidente de então, Jena Baptista demite Sankará e manda prede-lo. Gigantescos protestos de estudantes, trabalhadores e militares 'sacodem' o país, Sankará seria libertado na onda desses protestos e assumiria a Presidência comandando um processo revolucionário baseado em Comités populares com medidas fortes de 'nacionalização' das riquezas e 'reformas agrárias' em um cenário de permanente de luta de classes e faccões politicas.
Sankará acabaria vítima de um golpe de Estado em Outubro de 19[87], assassinado junto com outros [12] colaboradores em uma 'conspiração' Chefiada por Blaise Kampaoré que ficaria no poder até 20[14] apoiado pela França e demais potências imperialistas.
Um dos aliados de Kamparé, o Roch Marc Christian Kaboré assumiria a Presidência em 20[15] e seria derrubado por uma revolta militar em [24] de Janeiro de 20[22] no ano passado seguida de outra + outra revolta militar em [30] de Setembro que faria do Capitão Ibrahim Traoré um seguidor declarado de Thomas Sankará. O novo Presidente ganharia fama mundial por seu discurso da cúpula Rússia-África em São Petersburgo, declarando anfitrião do encontro nação amiga contra o neocolonialismo ocidental e acusando o sistema imperialista dirigido pelos EU como 'responsável' pela miséria e o subdesenvolvimento da África.
Para imprensa imperialista, para as potências ocidentais, para os seus aliados na África socialistas os acontecimentos de Malí, Guiné, Burkina Faso e Níger não passariam de golpes contra democracias, que deveriam ser repudiados. Essa narrativa [teoria] também foi usada no passado contra o processo liderado por Sakará e contra outras Revoluções africanas, tratava-se afinal de estigmatizar movimento pan-africanista de natureza anti-imperialista que naquela época aliada ao campo Socialista como uma excrescência autoritária e militarista para melhor defender os interesses das antigas Metrópoles coloniais e seus lacais internos.
Depois, do colapso da US, de facto, houve um 'retrocesso' nas lutas pela libertação africana, os Governos do Continente incluindo a África Ocidental, transformando-se maioritariamente em 'fantoches' dos EU e da União Europeia [UE]. Muita gente se deixa levar por esse discurso de que, está em curso golpe na África Ocidental em função da liderança de várias dessas revoltas ser assumida por Oficiais militares.
Esse sentimento, porém, apenas revela um certo 'preconceito' e não se confirma historicamente. Nos países periféricos do Capitalismo muitas vezes os processos revolucionários ou de luta anti-imperialista foram dirigidos por militares especialmente por jovens Oficiais de media patente até porquê em muitas nações durante muito tempo apenas nas Forças Armadas, os filhos da classe as trabalhadoras poderiam encontrar oportunidades de educação e emprego. Os exemplos números, mas eu vou dar um deles: a Revolução portuguesa de 19[74] com os Capitães de Abril, que derrubaram o salazarismo, a Venezuela de Hugo Chaves, Burkina Faso com Thomás Sankará como já citei.
Nós, não devemos ter 'preconceito' e nunca ir na lengalenga daquelas forças e vozes que são contra a luta contra imperialista. Tudo indica que a crise do Capitalismo mundial, ascensão económica da China e de sua influência sobre África, a recuperação militar da Rússia, e o 'enfraquecimento relativo' dos EU abriram novo cenário para os movimentos de libertação nacional naquela região e não só.
Quando são classificados como golpe os episódios em curso no Níger, Malí e Burkina Faso…fiquemos atento! Essa expressão historicamente 'denota' algo a ser condenado, uma atitude política inaceitável que vincula ao nascimento de ditaduras e a cultura fascistas. Não é isso defensivamente o quê se passa na África Ocidental em particular nas antigas Colónias francesas. Ocorreram isso sim, levantes militares, essa é a palavra que eu prefiro, levantes militares com impressionante apoio popular e uma forte identidade anti-imperialista. Como no passado podem ser sinais duma nova onda Revolucionária africana, embora ainda seja cedo para afirmarmos que esse processo já tenha se consolidado. Muitos processos Revolucionários se perdem no caminho e até apodrecem, mas os sinais desses levantes populares com fortíssimo apoio popular, os sinais dessa identidade anti-imperialista são de que, uma nova onda Revolucionária pode estar sendo se afirmando na África em particular na África Ocidental.
Portanto, de toda maneira os acontecimentos em Malí, Níger, Burkina Faso e também Senegal são factos a 'encher' de alegria e esperança quem efectivamente acredita no direito dos povos à rebelião, quem continua convencido que não será o amor a derrotar o, ódio imperialista, mas Revoluções populares conduzidas por todas as formas possíveis de luta.
Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [28] de Agosto, 20[23]