ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Os levantes militares que marcam a África ocidental desde 20[20] quais as suas origens e motivos? Tratam-se de golpes ou Revoluções? São rebeliões antidemocráticas ou anti-imperialistas? Devem ser apoiadas ou rechaçadas? Vamos tentar tratar desse assunto agora.
Um terremoto político sacode nos últimos três anos algumas das ex-Colónias francesas na África Ocidental: Malí. Burkina Faso, Guiné e agora o Níger. Nessas [4] nações Governos aliados as potências imperialistas especialmente a França foram 'derrubados' por rebeliões militares que contam com 'notável' apoio popular.
Os Oficiais que chefiaram essas revoltas foram para oposição armada 'mobilizado' por um amplo 'descontentamento' dentro e fora dos Quarteis com cenário dramático de seus países: presença de Bases militares dos Estados Unidos [EU], da França e permanente crise económica e social, desertificação da terra em função da catástrofe climática, expansão do terrorismo islâmico, depois que a Líbia foi 'destruída' pelo imperialismo com o apoio da NATO em 20[11], crescimento do tráfego de drogas, apropriação predatória de riquezas naturais por Companhias imperialistas incluindo urânio, ouro e corrupção generalizada dos governantes.
A rebelião + recente ocorreu no Níger, no [26] de julho do corrente ano. o Níger com [25] milhões de habitantes é o sétimo maior produtor mundial de uranio uma riqueza controlada pela Multinacional Urano uma Companhia francesa que detêm a propriedade das três Empresas que exploram esse minério no país. Empresas que são guarnecidas por tropas do Exército francês. Um terço do uranio é processado na produção da energia francesa vem de Níger ex-Colónia francesa independente desde 19[60] é um dos países + pobres do mundo apesar de suas riquezas minerais. Além do urânio o Níger também produz ouro e petróleo.
+ de [40%] da população do Níger vivem em pobreza absoluta segundo dados das Nações Unidas. O Presidente 'derrubado' pelo golpe de Julho, Mohamed Bazoum era considerado uma 'marionete' nas mãos das potências imperialista da mesma forma que o seu antecessor Mahamadhou Issufú, que permitiu os EU construir em Agadéz a maior Base de drones do mundo.
O poder foi assumido pelo General Adabagbdhou Ramahamane Thiany, Chefe da Guarda Presidencial que se tornou o novo Presidente do Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria integrado por militares das diversas Armas [Ramos]. Dezenas de milhares de pessoas saíram as ruas principalmente na Capital do país, Niamei para 'defender' a rebelião e 'protestar' contra a hipótese duma intervenção estrangeira para 'restaurar' o antigo mandatário no poder. Os gritos destas multidões são claros: “fora a França!”
O novo Governo de Níger 'rompeu' Acordos militares com França e EU, além de dar claros sinais de que, estaria se preparando para 'nacionalizar' a produção do urânio e outras riquezas. França e EU se 'recusam' a fechar suas Bases militares no país alegando que o novo Governo é ilegítimo, mas que isso cooperam com seus aliados africanos no âmbito da CEDEAO e da UA para isolar o Governo do Níger eventualmente impulsionando alguma forma de acção armada.
A situação no Níger pode ser compreendida como parte dum processo iniciado no Malí entre Agosto de 20[20] e Maio de 20[21], depois acompanhado pela Guiné em Setembro de 20[21] e por Burkina Faso entre Janeiro e Setembro de 20[22]. A próxima peça do dominó poderia ser Senegal onde também ‘multidões protestam' contra o Governo de Macky Sall 'submisso' a França e já se fala também na hipótese de um levante militar.
Um traço comum desses [5] países, os [4] nos quais já ocorreu um levante militar, e também Senegal, um traço comum desses [5] países é terem sido Colónias francesas. Outro é continuarem a serem economicamente 'sugados' pela antiga Metrópole e outras potências imperialistas. Por exemplo, a França já não utiliza + o franco, utilizar o euro, mas nas suas antigas Colónias a moeda corrente é franco, quer dizer, a França tem incidência directa sobre o sistema financeiro das suas antigas Colónias.
Um terceiro traço comum, dessas antigas Colónias são as consequências dessa espoliação: miséria e subdesenvolvimento. Mas, vamos ver antes de continuar com essa exposição a geografia onde ocorreram essas revoltas.
A África pode ser dividida em [5] Sub-regiões: Setentrional, ao Norte, Meridional, Sul, Oriental, ao Leste, Central, Ocidental e ao Oeste. Essa é a divisão + aceita pelos geógrafos em relação a situação do Continente africano. A África Ocidental é integrada por [16] países da Costa Oriental do Oceano Atlântico e da parte Oeste do deserto do Saara.
Quais são esses países por ordem alfabética: Bení, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Libéria, Malí, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. Essa é a África Ocidental. Alguns destes países foram colonizados pela França, outros pelo Reino Unido e Portugal.
A população total desse Subcontinente da África Ocidental segundo dados de 20[21] gira em redor de [421] milhões o + populoso desses países é a Nigéria e a região tem uma longa historia de colonização pelos Estados europeus. Os portugueses foram os primeiros a chegar ainda no século [XV], seguidos por franceses, britânicos, os espanhóis, dinamarqueses e alemães. Não demorou para que se 'estabelecesse' um forte tráfego de escravos que 'sangraria' a região no século seguinte com a constituição de Protetorados europeus que se encarregavam de prender e fornecer mão de obra escravizada para as Metrópoles 'destrocando' as economias e as sociedades locais. Essa história agente conhece por tem a ver com a história também de Moçambique. Foram muitas as lutas de resistência dos povos africanos, mas o colonialismo prevaleceu na África Ocidental até aos anos [50] / [60] do século passado.
Desde o século [XIX] os impérios franceses e britânico tornaram-se os 'principais invasores' num processo que os historiadores identificam como partilha da África. O Reino-Unindo tomou o Gâmbia, Serra Leoa, Gana e Nigéria, enquanto a França tomava Senegal, Guiné, Malí, Burkina Faso, Benin, Costa do Marfim e Níger. Portugal manteve, a Guiné-Bissau, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tome e Príncipe e Alemanha controlou o Togo até a primeira guerra mundial quando foi forçada pelo Tratado de Versalhes a entregar o Togo para franceses e britânicos.
Apenas a Libéria manteve-se independente na África Ocidental desde sua fundação em 18[47] as custas de aliança e de concessões as potências imperialistas, mas também por sua curiosa história 'vinculada' a repatriação de antigos escravos negros norte americanos que tinham recebido a alforria. Outro dia eu contei essa curiosa história, mas um dia voltarei a conta-la.
A descolonização da África Ocidental somente ocorreria, depois da segunda guerra mundial em m cenário marcada pela extraordinária vitória da União Soviética [US]
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