Por Edwin Hounnou
No dia 20 de Agosto de cada ano, a Cidade da Beira celebra o seu dia. Desta vez, o partido Frelimo entendeu trazer seus membros de vários distritos. Chegaram dos distritos de Dondo, de Nhamatanda, Cheringoma, Muanza, de Búzi e de outros lugares a fim de impressionar que a Frelimo é um partido grande e enraizado em todos os cantos na Beira.
Membros da Frelimo fardados a rigor e com as bandeiras vermelhas bem levantadas numa mão e varapaus na outra, irromperam pela Praça do Município adentro, ao som de música ensurdecedora que alterou toda a programação das festividades. A caravana da Frelimo deu-se ao prazer de tentar afastar outros grupos, como o do MDM, provocando, assim, fricções que desaguaram em pancadarias. Houve feridos de parte a parte.
A polícia ficou a assistir o desenrolar das agressões. Não agiu nem se interpôs. Tudo correu como se nada lhe dissesse respeito. Foi instruída para não tugir nem mugir. Para ficar quieta no seu canto, diferente do que se tem visto em que a polícia se torna, claramente, perigosa. O episódio que se viu quando da marcha para as cerimónias fúnebres de Azagaia diz, só por si, o quanto a polícia pode quando é, politicamente, motivada.
A polícia atira com balas reais, saca olhos e bate a sério. Na Praça do Município, a polícia esteve, politicamente, motivada. Ficou mansa com os cães virados para o MDM, apronta para atacar ao primeiro sinal, demonstrando que é uma polícia partidária. Ninguém paga imposto por sonhar e o povo que continue a sonhar que só faz bem a alma porque a polícia apartidária é algo que o pais não vai ter a breve trecho.
A polícia que não impediu que a Frelimo metesse o Mahindra, de cor avermelhada, carregada de varapaus para reabastecer a OJM em confrontação com MDM. O presidente do Conselho Municipal de Dondo, Manuel Vitae Chaparica, foi visto na Praça do Município, fardado a vermelho, do que se pode deduzir que tenha se feito àquele lugar para reforçar o seu partido.
Nessa lengalenga, vai se tornando raro encontrar pessoas íntegras e sérias. O que leva um edil a agir de tal modo? Estará Manuel Chaparica obcecado pelo seu partido ou é fome? Ao invés de participar da festa do vizinho, caso tenha sido convidado, vai para ajudar a fazer contusão. É para dizer que os tempos mudam e moldam o carácter dos homens, seja para o bem seja para o mal.
O discurso político segundo o qual alguém recebeu uma tarefa nobre do seu partido para, a qualquer custo, arrancar o Município da Beira das mãos dos "outros" e, caso necessário" terão que passar por cima do cadáver dessa emissária cujo nome é sobejamente conhecido e chama-se Margarida Talapa.
O que se viu na praça do Município da Beira serve de antecâmara do que vai ser a campanha eleitoral que se avizinha para os meados de Setembro que se aproxima. É apenas um cheirinho. As escaramuças que foram vistas constituem um sinal de que poderá haver o derramamento de sangue nestas eleições. Algum grande organizou a violência para perturbar as festividades da Cidade da Beira.
A luta pela reconquista do Município da Beira deixa muitas mentes enlouquecidas, principalmente, dos que não têm vergonha. Os meios para se chegar a esse desiderato será uma verdadeira guerra campal. O aviso à navegação há muito que já foi lançado. Que entenda quem tiver a cabeça no lugar!
Há pessoas preparadas para promover a violência. Na praça do Município ficou claro de que a polícia foi manietada. Não podia para não ferir o patrão grande e com os cães virados para despedaçar a um grupo o que completa o trabalho de exclusão de milhares de potenciais eleitores protagonizada pelo STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral), a mando do partido no poder.
Para tal, o director distrital do STAE alegou que os outros sejam antipatriotas e inimigos do Partidão. Depois do filme que se viu na praça, poucas dúvidas restam para perceber que na campanha eleitoral e na votação haverá choro e ranger de dentes. O "arrancar" que Margarida Talapa anunciou não será pelo voto mas como resultado da violência, das manobras do STAE e do voto de eleitores importados dos distritos, como tem sido recorrente na Beira.
Analisando os factos, repetimos aqui que, em processo eleitoral livre e transparente, a Frelimo não passa na Beira. A violência policial, os truques do STAE e enchimentos de urnas com votos falsos têm servido de boia de salvação de um partido que é contestado pelas populações da Beira.
A gente do Chiveve ainda se recorda de ser chamado, em comícios, que é o centro da reacção. Quem não se lembra disso não é filho de boa gente. A Beira será a batalha das batalhas e muito desejaríamos que estivéssemos equivocados.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 23.08.2023