Por Edwin Hounnou
Amade Camal, um reputado empresário da praça, com fortes ligações ao partido governamental, pessoa de que nutrimos muita simpatia pelas suas abordagens no programa televisivo da stv, na concorrida Noite Informativa. Disse, na quarta-feira 26 de Julho do corrente ano de 2023, a partir de Portugal, que "apesar de a Frelimo estar a cometer imensos erros, é a única alternativa de si própria. Não existe outra. Se nós tivéssemos que entregar (o poder) a algum partido da oposição, estaríamos na desgraça absoluta. Este país seria destruturado completamente...".
Como se pode ver, trata-se de um discurso bonito, bem estruturado, porém, enganador que só convence a um extraterrestre que nunca antes colocou os pés em Moçambique nem nunca ouvia falar da nossa História.
A Frelimo não tem com quem compartilhar as culpas, pois ela é a única responsável pelo estado lastimoso em que o país se encontra.
O país está todo destruturado, destruído e vive de caridade da comunidade internacional devido à forma errada como o país vem sendo governado desde a independência nacional. Se existe um governante bom e aplicado constitui uma excepção à regra.
Apesar de possuir imensos recursos, Moçambique continuará inviável enquanto a Frelimo não largar o poder. Não é pelo facto de os dirigentes/governantes sejam indivíduos de mau carácter, mas, devido ao sistema implantado pelo partido Frelimo ser mau, permissível a roubos e à corrupção desenfreada. Se a Frelimo não larga o poder até agora não é pelo mérito próprio, mas a fraudes eleitorais que ocorrem em todas eleições e ao fraco desempenho da oposição que adormeceu no conforto do banco, esperando que, um dia, a Frelimo venha a cair, só por si, como se fosse uma papaia amadurecida e apodrecida.
Desde a independência, a 25 de Junho de 1975, o país tem sido (des)governado pelo partido que Amade Camal diz ser alternativo à si próprio, fechando, desse modo, as portas que levam ao desenvolvimento.
A alternância que tarda a chegar não se deve à bravura e patriotismo da Frelimo, que disso nada tem, mas à sonolência profunda da oposição que transmite a ideia da invencibilidade do partido ora no poder.
Na verdade, a Frelimo está podre, jogada na corrupção. É a polícia que protege a Frelimo e tortura os seus adversários. São órgãos eleitorais (Comissão Nacional de Eleições e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) que tudo fazem para a Frelimo não tombar da cadeira do poder e não é pelo voto popular que a Frelimo não sai do poder.
Pensar que as coisas acontecem pela ausência de uma oposição forte, é uma grande mentira. A religião (todas as religiões) ensina que mentir é pecado. Todo cristão, muçulmano, budista, etc., está proibido de difundir mentiras e falsidades.
Que povo fecha os olhos a corruptos que destroem o país? Que povo prefere a mediocridade? O povo gosta que os recursos de que o país dispõe estejam a servir apenas a um punhado de gatos pingados que açambarcam todas as oportunidades só para si? O carvão não está ao serviço do país. Areias pesadas não beneficiam o país. O gás de Temane, em Inhambane, está ao serviço de quem? O ouro de Manica a quem serve? Os rubis de Montepuez a quem enriquecem? Os corredores de desenvolvimento (de Maputo, Beira e Nacala) contribuem para os cofres do Estado em que medida?
Quem desativou a indústria nacional e paralisou a agricultura, considerada base do desenvolvimento do país? Foi a Frelimo que destruiu o país e agora quer parecer que seja a única alternativa de si mesma. A Frelimo leva 50 anos no poder, mas não consegue criar um sistema de transporte público eficaz.
Quem conhece o país sabe em que estado se encontra a nossa Estrada Nacional Número Um (EN1) e o partido que é alternativo de si mesmo nada têm feito para reverter a situação de intransitabilidade.
O discurso de insubstituibilidade é falso. É válido para o consumo entre os camaradas. As guerras por que o país tem passado são causadas pelo partido Frelimo que implantou a exclusão de todos que pensam diferente.
Quem privatizou o país para um grupo e tornou pária todos que não sejam das suas fileiras é o partido que dizem ser alternativo de si próprio. Quem empurrou o campo para as cidades não foi a oposição. Foi a ausência de políticas adequadas de quem está a governar.
Quem matou a produção interna e deu preferência ao comércio de vender em passeios e esquinas foi Frelimo. As dívidas ocultas que jogaram o país na sarjeta foram protagonizadas pela Frelimo.
CANAL DE MOÇAMBIQUR – 02.08.2023