O Presidente da República, Filipe Nyusi, resgatou ontem Pascoal Ronda. Ele foi nomeado para o cargo de ministro do Interior, cargo que até às primeiras horas de ontem era ocupado por Arsénia Massingue. A agora ex-ministra nem durou dois anos no cargo e diz-se que clivagens com o sobrinho de Nyusi, neste caso Bernardino Rafael (actual comandante-geral da PRM), é que ditaram o seu afastamento do cargo.
Negócios chorudos em Cabo Delgado, mas pouco claros, e mais recentemente a falta de salários no Ministério do Interior colocaram Bernardino Rafael e Arsénia Massingue em barricadas opostas. Venceu o sobrinho do Presidente. E Massingue foi exonerada. Bernardino Rafael, apesar de manifesta incompetência, continua de pedra e cal na chefia da Polícia.
Recentemente, Bernardino Rafael promoveu o seu filho a sub-inspector da Polícia. Foi demonstração de puro nepotismo porque Fernando Bernardino Rafael- o filho do chefe- não tinha qualificações para que se lhe atribuíssem aquela patente. É um novato, mas saltou cinco escalões para chegar a sub-inspector. Houve tanto barulho, mas não aconteceu nada. São familiares do Presidente.
É como matricular uma criança na primeira classe, mas antes de três anos já está a estudar a oitava classe!
Pascoal Ronda, o resgatado ontem, é um individuo menos limpo. Colecionou polémicas nos tempos em que era comandante-geral da PRM. Foi nos tempos de Joaquim Chissano ao leme do País. Em 2000, 83 reclusos morreram numa cela da Polícia em Montepuez. Era uma cela de 7x3 de dimensões, com dois pequenos buracos e uma pequena janela insuficientes para permitir a ventilação para centenas de pessoas. No dia fatídico, a cela albergava acima de 160 reclusos.
Eles, os reclusos, morreram de asfixia, fome e sede. A Liga dos Direitos Humanos, na altura liderada por Alice Mabota, investigou o caso. E terá sido a sua pressão que precipitou o afastamento de Pascoal Ronda do cargo de comandante-geral da PRM.
O mesmo Pascoal Ronda – e outros generais da PRM- fez parte da Chicamba, empresa criada com o propósito de drenar fundos públicos no Ministério do Interior. Roubou-se muito dinheiro, mas muito mesmo. O caso foi bastante retratado, mas a Ronda não aconteceu nada. Deixou o cargo de comandante-geral da PRM e agora regressa à ribalta como ministro. É tipo Diodino Cambaza. Roubou. Foi preso. Saiu da cadeia e assessorou a mesma empresa que roubou.
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