Detido em dezembro de 2018 na África do Sul, o antigo Ministro das Finanças e ex-Deputado da Assembleia da República (AR) pela Bancada Parlamentar da Frelimo, Manuel Chang foi extraditado para os Estados Unidos da América (EUA) em julho do presente ano.
Logo na sua primeira aparição perante um Juiz e o Ministério Público em Nova Iorque, Manuel Chang declarou-se inocente e mostrou-se disponível a pagar uma caução de um milhão de USD, para responder o processo em liberdade, o que foi prontamente recusado pelo Tribunal por alegadamente apresentar grande risco de fuga devido a natureza das acusações que pesam sobre si e pelo facto das provas recolhidas pelos gringos serem fortes.
Entretanto, recentemente Manuel Chang começou a falar. E logo, na sua primeira intervenção disse que tudo que fez foi em cumprimento da instrução directa do então Ministro da Defesa Nacional (MDN) e actual Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi.
Em suma, Chang repisou o que figuras como António Carlos do Rosário, Gregório Leão e mesmo declarantes de peso, como o então Presidente da República, Armando Emílio Guebuza afirmaram na tenda da B.O, durante o badalado julgamento das dívidas ocultas que culminou com a condenação de 11 dos arguidos e absolvição de oito dos implicados. Entretanto, para quem vem acompanhando a linha de defesa dos advogados de Manuel Chang e conhece o sistema de justiça norte-americano, tudo indica que o Juiz, não irá esquecer do histórico julgamento que absolveu Jean Boustani, o que pode permitir que Manuel Chang saía ilibado e a justiça norte-americana, venha atrás dos “apontados como verdadeiros conhecedores do processo em questão: o então Ministro da Defesa e actual PR de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, assim como, o homem que colocou a dívida no sistema financeiro de Eurobond, ou seja, a pessoa que vendeu os títulos da dívida, neste caso, o Ministro Adriano Maleiane”.
Não seria nenhuma novidade, conforme avançamos nas edições anteriores da preparação de novos passos tenebrosos deste processo, que poderá culminar com a emissão de mandados de busca e captura internacionais contra outros implicados deste “filme hollywoodiano”, que irá continuar a marcar a vida dos moçambicanos e dos sucessivos governos e procuradores nos próximos 10 a 20 anos.
De referir que em Moçambique foram julgadas 19 pessoas acusadas pelo Ministério Público de envolvimento num esquema que defraudou o Estado e investidores estrangeiros em mais de 2.7 mil milhões de USD da dívida contraída junto de bancos internacionais, entre 2013 e 2014. (Omardine Omar)