O Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), Filipe Nyusi, reagiu hoje em relação à morte em combate do principal líder que dirigia as operações terroristas em Moçambique, desde a sua eclosão, o moçambicano, Bonomade Machude Omar, conhecido por Ibn Omar.
Segundo o Chefe de Estado, a morte daquele líder é corolário da perseguição que as FDS moçambicanas, apoiadas pelas suas congéneres da SADC e do Ruanda, vêm desenvolvendo nas matas densas do distrito de Macomia, em Cabo Delgado, onde se situava uma das principais bases do grupo terrorista.
“A situação da segurança nas regiões outrora assoladas pelo terrorismo e extremismo violento em alguns distritos da província de Cabo Delgado tende a melhorar, e no dia 22 de agosto corrente as Forças Armadas de Defesa de Moçambique colocaram fora do combate o principal líder terrorista”, afirmou o Presidente da República em declarações à Imprensa, no quadro da visita oficial, do seu homólogo cubano, Miguel Canel.
Conforme revelou Joaquim Mangrasse, o Chefe do EMG foi “numa outra comunicação, reportamos o facto da nossa força ter caído numa emboscada de terroristas, quando na companhia da Chefia do Comando do Exército, se encontrava numa missão de assistência operativa à posição das FADM de Quiterajo no distrito de Macomia.”
“Nesse contacto combativo, tivemos sacrificados e perdemos algum equipamento, como afirmámos anteriormente. Como manda a norma militar, reportamos a ocorrência ao Comandante em Chefe das Forças da Defesa e Segurança e imediatamente ordenou a avaliação operativa no terreno devendo se proceder com o
esclarecimento sobre o nível da resposta combativa dada directamente pelas Forças Armadas da Defesa de Moçambique”, explicou o dirigente.
Da averiguação feita e ela ainda continua, foi constatado, com evidências factuais, a colocação fora do combate do líder principal que dirige as operações desde a eclosão do terrorismo em Moçambique, o moçambicano BONOMAR MACHUDE, conhecido também por Ibin Omar ou nas matas por ABU SURAKA.
“As imagens estão disponíveis e estão a merecer uma avaliação definitiva, pois ao lado do líder terrorista Ibin Omar, foram igualmente atingidos mortalmente mais dois seus seguidores directos ainda por identificar na companhia de mais terroristas”, detalhou Mangrasse.
Acrescentando, o chefe do EMG das FADM revelou que como tem estado a afirmar o nosso Comandante em Chefe, o terrorismo ainda não terminou e o seu actual modus operandi é feito em pequenos grupos dispersos, estes que são a razão da nossa permanente vasculha e limpeza. Contudo, reafirmamos que o inimigo foi desalojado de todas as sedes distritais, que se encontravam a ocupa.
“Mais uma vez, as operações continuam, em coordenação com os nossos parceiros e a operação Golpe Duro, decretada na sua II fase, prossegue, em cumprimento das ordens superiormente emanadas”, garantiu o dirigente.
Mas quem era Bonomade Machude Omar?
Bonomade Machude Omar, nasceu alegadamente no dia 15 de junho de 1988, no distrito de Palma, na Província de Cabo Delgado, por sinal onde em março de 2021, ocorreu o maior ataque terrorista nunca antes visto em Cabo Delgado, com vários mortos e deslocados, conforme dados avançados pelo Pesquisador e Jornalista norte-americano, Alex Perry.
Conforme escreveu o Centro de Jornalismo Investigativo (CJI), Bonomade Machude Omar, também conhecido como Ibn Omar. É um moçambicano nascido no distrito de Palma, província de Cabo Delgado, tendo passado parte da infância em Mocímboa da Praia. Ibn Omar foi descrito como o cérebro por trás dos ataques da insurgência em Cabo Delgado.
O “Rei da Floresta”, o seu nome de guerra, Bonomade Machude Omar concluiu o ensino secundário na Escola Secundária Januário Pedro, em Mocímboa da Praia, e depois passou a estudar o Islão em vários países. Quando regressou a Moçambique, conseguiu um emprego na Agência Africana Muçulmana, na capital de Cabo Delgado, Pemba.
Fontes citadas pelo Centro de Jornalismo Investigativo indicam que Ibn Omar era um grande “estudioso islâmico, inteligente e muito inteligente”. Como aluno obteve notas altas, trabalhador e dedicado. Ninguém suspeitava que o seu futuro estaria no seio do terrorismo islâmico. “Ele estava calmo, fazia tudo baseado nas ordens de Allah; ele nunca se envolveu em brigas e sabia como lidar com os colegas de escola”, disse a fonte.
Os moradores de Mocímboa da Praia descrevem-no como o “Rei da Floresta”, cujo comportamento mudou da noite para o dia. “Havia algo estranho nele, alguém poderia suspeitar de seu envolvimento nos ataques por causa da discórdia semeada por alguns dos jovens que ele ensinou, na crença de que o que eles fizeram é o que Alá quer, e justificaram seu extremismo como o que os muçulmanos puros fazem. Ele era falso, dava para ver a violência em seus olhos, mas mesmo assim ele tinha muito apoio de alguns líderes comunitários e habitantes locais.”
Ibn Omar residia no bairro de Nanduandua, em Mocímboa da Praia. Seu pai, Abdul Fomassane, é professor aposentado e político local. Dois outros jovens que também estão envolvidos nos ataques cresceram na mesma casa. “Acho que são sobrinhos de Abdul Fomassane. Foi assim que ele os tratou”, disse a fonte.
Bonomade Machude Omar era um comandante militar sênior do ISIS-Moçambique designado pelos EUA. Omar foi responsável por ataques na província de Cabo Delgado, em Moçambique, e na região de Mtwara, na Tanzânia. O Departamento de Estado dos EUA e o Departamento do Tesouro dos EUA haviam o designado como Terrorista Global Especialmente Designado (SDGT) e Nacional Especialmente Designado (SDN), respectivamente, em 6 de agosto de 2021. (O.O.)