Autoridades dizem que pelo menos 400 mil pessoas vivem em insegurança alimentar, mas organizações não governamentais falam em 50 por cento da população de 30 milhões.
As autoridades moçambicanas dizem que pelo menos 400 mil pessoas estão em situação extrema de carência de alimentos, mas organizações da sociedade civil advertem para uma realidade muito mais preocupante porque há bolsas de fome um pouco por todo o país, associadas à pobreza, contrariando o recente cenário descrito pelo ministro da Agricultura, Celso Correia.
A secretária executiva do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETRSAN) disse que a província de Nampula é a que apresenta o maior numero de pessoas em situação extrema da falta de alimentos, apesar de muitas delas viverem em zonas com um alto nível de produção alimentar.
Leonor Neves referiu, no entanto, que nem todos têm desnutrição crónica decorrente da falta de alimentos e sublinhou que ‘’todos têm acesso a alimentos, mas às vezes, o grande problema tem a ver com os hábitos alimentares, e também há casos relacionados mesmo com dificuldades de acesso a alimentos’’.
Contudo, Clotilde Maalate, da organização não-governamental Action AiD, considera difícil falar de segurança alimentar em Moçambique, num contexto de eventos climáticos severos, que têm impacto na produção de alimentos, sendo que as mulheres são as mais afectadas.
Números diferentes
Maalate avança que a maior parte das mulheres perdeu as suas culturas, que não são de alto rendimento ‘’e isso coloca em causa a segurança alimentar, porque elas não produzem para vender, mas para a sua alimentação no dia-a-dia, e neste momento há evidências de que existem situações graves de bolsas de fome ao nível das grandes cidades”.
Estas bolsas estão associadas à pobreza, acrescenta.
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Por seu turno, Mariamo Abbas, da organização Observatório do Meio Rural, diz que analisando a questão da segurança alimentar em Moçambique, "50 por cento da população pode ser considerada em situação de insegurança alimentar aguda.
O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Moçambique, Celso Correia, afirmou recentemente que mais de 16 milhões de moçambicanos têm a sua segurança alimentar garantida, suscitando críticas por parte da sociedade que considera que existe ainda uma percentagem significativa da população extremamente vulnerável à insegurança alimentar crônica e aguda.
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Entretanto, o Brasil está a apoiar o desenvolvimento de um projeto de Fortalecimento de Segurança Alimentar e Nutricional em Moçambique, que, segundo o embaixador brasileiro, em Maputo, Ademr Seabra, visa facilitar o acesso das pessoas a alimentos.
VOA – 03.08.2023