Por: Magnus Mussa
O discurso de resgate de municípios onde o voto popular pesa mais para a mudança democrática, já começou a dar frutos de ódio e frustração.
"Faremos de tudo para resgatarmos os municípios das mãos da oposição", - são palavras dos membros vermelhos em alusão aos municípios sob gestão da RENAMO e MDM.
Este discurso nem devia existir num país, onde, de comum acordo, produziu uma constituição que engloba premissas de convivência tolerante cujo protagonistas, todos eles, são originários e ninguém vem de além fronteiras.
Quando o país abriu as portas à tal desiderato, ninguém disse que os outros só estariam lá para, somente e tão somente, dançar a música tocada por outros. Aqui, o jogo político seria taco-a-taco salvando-se na vanguarda quem melhor se posicionar!
E porque o discurso não é holístico e não espelha o grosso da população, já começamos a ver a semântica do CUSTE O QUE CUSTAR beliscando a ética e a moral do matriz político nacional.
O custe o que custar, significa o recurso à todos os meios a nossa disposição para o alcance dos objectivos previamente traçados, daí as escaramuças que vimos na Beira.
Enquanto na Beira as celebrações eram condimentadas à socos e pauladas, em Quelimane a RENAMO e FRELIMO celebravam no mesmo palco despidos de cores partidárias como um único filho de casa, apesar da FRELIMO ter, na sua consciência, que a RENAMO move multidões e deveria ser aqui o palco da vergonha que vimos na Beira. Quelimane é, mesmo, a cidade do carnaval.
O espectáculo barato proporcionado na Beira é o prelúdio do quão somos, na verdade, diferentes!
Enquanto na Beira houve escaramuças baratas, em Nampula fala-se de tentativas de assassinato ao edil durante as celebrações do dia da cidade. Quem disse que é matando que se resolvem os problemas que vamos perseguindo desde a independência!
O que é que custa admitir que somos um país uno, onde cada um deve fazer o que pode para construir a nação que queremos, onde a narrativa da UNIDADE NACIONAL tem a razão de ser e aceitar que a filiação partidária é um dever consagrado na constituição.
Será que o que a constituição ensina, serve, apenas, para o inglês ver?
Não existe nenhum país do mundo que cresce de forma saudável enquanto a diversidade de ideia for capturada. É em ideias diferentes que gera desenvolvimento, a não ser que este tão vibrante e universal lexema seja usada como uma banalidade e à toa!
Sigamos os exemplos de Cabo Verde e Botswana que já cantam e dançam diferente usando o verdadeiro sentido da palavra DESENVOLVIMENTO.
Afinal, o que conta a governação de um partido sem ver mudanças operadas que beneficiam as pessoas. É só termos as cores vermelhas espalhadas nas cidades enquanto a população vive rodeada de lixo, sem vias de acesso condignas e um martírio sem tolerância em tempos chuvosos, sem falar da água potável que continua sendo o calcanhar de Aquiles da população.
Afinal, o que é que queremos senão a mudança de vida consubstanciada pela contínua melhoria das condições que vemos operadas e com relevância nesses municípios que agora se reclamam resgatar à todo custo, mesmo que, para isso, seja até à morte!
Estamos no fim do mandato de cinco (5) anos das autarquias empossadas em 2018. A cidade de Pemba e o seu edil não têm nada que se orgulhem, senão o facto de uma rádio da praça que o escolheu FIGURA DO ANO 2021 sem ter feito, absolutamente, nada visível!
Os tais municípios que se pretendem resgatar, regista-se um esforço tremendo na melhoria de condições, em quase todos aspetos, desde saneamento básico e vias de acesso mas os doentios fazem de tudo para sabotar os trabalhos que eles não conseguiram fazer enquanto gestores dos mesmos. Até fazem ameaças de todo o tipo, incluindo sabotagens para não verem concretizadas as realizações. E mais, pior ainda, coartam o empreiteiro, com fortes ameaças, para esconder a maquinaria em operação - caso de Chiúre, para que não se sinta o impacto das mesmas. O que é que queremos, no fim das contas? Aqueles que entraram no jogo político, apenas, para dançar a música dos outros, o que fazem não serve?
Há muito que o conceito de desenvolvimento está em desuso entre nós, valendo, apenas, para os discursos baratos e populistas longe do seu verdadeiro sentido da palavra.
Desenvolvimento é a passagem de um estado ao outro de tal modo que o seguinte é sempre mais perfeito do que o anterior.
Desenvolvimento é progresso, evolução.
O que é que nós já fizemos que responde a estes conceitos? O nosso próprio planeamento territorial é um desastre, mesmo com a herança colonial nas nossas mangas. O que custa copiar!
Deixamos o crescimento das nossas cidades sem espaços verdes, de lazer, campos desportivos e um ordenamento sem ruas de acesso delimitados e devidamente estruturados que, por conta disso, propensos a erosão que vai, de forma recorrente, pondo em risco a vida e bens da população.
"A PRIMEIRA VIOLÊNCIA NÃO FOI PEGAR EM ARMAS. FOI DEIXAR DE OUVIR O OUTRO, DESUMANIZAR, TRANSFORMAR O DIFERENTE EM INIMIGO".- Mia Couto
O fim não justifica o meio!
24 de agosto de 2023
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