Há muitos anos que me faço essa pergunta. Em igual período não encontro a resposta. Só sei que cada vez amo mais a Cidade Beira.
Recentemente passei a reformular a pergunta, cansado de tanta falta de resposta e de competência para encontra-la.
A nova pergunta ficou: porque não consigo encontrar uma resposta lógica, racional, talvez matemática, para o amor dos beirenses pela sua cidade (estejam eles onde estiverem, sejam quem forem)?
Com esta nova abordagem, surgiram-me imediatamente algumas respostas. Ei-las:
- [ ] A Beira não se explica, sente-se.
- [ ] A Beira não é razão, é emoção e sentimento.
- [ ] A Beira é humilde, mas ao mesmo tempo altiva. Por isso, os beirenses não se julgam melhor do que ninguém, mas não aceitam, de modo algum, serem considerados piores do que alguém.
- [ ] A cidade da Beira não se domina, conquista-se. Porque os beirenses são avessos à arrogância, à prepotência e ao autoritarismo.
- [ ] A Beira apela à liberdade. Talvez seja por isso que os beirenses são tidos como “ rebeldes”, “ incapturáveis” e “ resmungões”.
- [ ] Na Beira não são aceites bem aceites os chefes. Cá admiram-se os Lideres.
- [ ] A Cidade da Beira pode ser tão amistosa e acolhedora quanto indiferente ou hostil para quem a visita: depende sempre das intenções do visitante.
- [ ] Na Beira, a imposição, as atitudes de superioridade e o autoritarismo são combatidos. A genuinidade, o respeito, a liberdade, a amizade e a diferença são premiados.
- [ ] Os beirenses quando colocados entre a espada e a parede, escolhem quase sempre a espada.
- [ ] Os beirenses são diferentes, mas nunca indiferentes.
- [ ] Ser beirense não é apenas ter nascido na Cidade da Beira. É mais do que isso, é uma identidade vitalícia, é adoptar uma forma única de estar na vida.
- [ ] Beirense é, sobretudo, quem ama a cidade da Beira e as suas gentes.
Só a Beira para ter sido praticamente destruída por 3 ciclones no espaço de 1 ano ( Idai, Chalane e Eloise) e em menos de 4 anos ter renascido das “cinzas” mais bela, mais resiliente e mais segura de si.
A Cidade da Beira é, por isso tudo, uma cidade enigmática e mítica que só suscita 2 sentimentos opostos: ou gosta-se dela ou se detesta!
A Beira é um mito. Mas, quem a desmistifica, não a esquece jamais! É, e será sempre, a melhor cidade do mundo para qualquer beirense.
Parabéns Cidade da Beira pelos teus 116 anos de encanto, de rebeldia, de resiliência e de esperança num amanhã diferente.
Gilberto Correia